A presidenta Dilma Rousseff criticou nesta quarta-feira (29) as propostas que reduzem a maioridade penal. Segundo ela, “toda experiência demonstra que redução não resolve a questão da violência”. Para Dilma, o combater a violência se resolve punindo rigorosamente os adultos que aliciam adolescentes para cometere infrações.
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“Defendemos que a pena seja agravada para o adulto que utilizar jovens como escudos dentro de uma organização criminosa. Não é reduzindo maioridade penal. É agravando pena para adulto que usou o jovem sabendo que, com isso, estava reduzindo seu raio de ação. Não se pode acreditar que a questão da violência que atinge o jovem decorre da questão da maioridade ou da redução dessa maioridade.”
Durante o 3º Festival da Juventude Rural, organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a presidenta informou que o governo tem um compromisso com a extensão da banda larga para as regiões rurais brasileiras. Segundo ela, essa “exigência” decorre do momento em que todas as pessoas se conectam por meio da rede mundial de computadores.
“Dai a importância da internet para a juventude de trabalhadores rurais e pequenos produtores assentados da reforma agraria. É condição essencial de vida. Sem isso, não haverá presença no campo.
Dilma destacou também a relação do governo com os movimentos sociais. “Muitas coisas conquistadas são frutos dessas conversas, porque vocês reivindicam e defendem posições. Por isso, a importância de eventos como esse.”
Em referência à corrupção, a presidenta disse que a confusão entre o privado e o público “vem lá de trás”. Acrescentou que “decorre de uma coisa chamada patrimonialismo”, referindo-se ao tempo das oligarquias. Segundo ela, o governo tem defendido o patrimônio público.
“Por isso, é importante termos claro que a visão do que é público é algo essencial. Temos de respeitar o que é o bem público. Temos de ser capazes de prestar contas sobre esse bem público. Sobretudo, temos, como governo, de ser capazes de defendê-lo. Quero assegurar que estamos fazendo.”
Representante da Contag, Maria José Morais destacou a presença dos oito milhões de jovens que vivem no campo. Maria José afirmou que parte dessa juventude quer sair do campo, mas a outra quer continuar trabalhando na agricultura. “Queremos estar no campo, alimentar o Brasil. Queremos trabalhar na terra, com uso sustentável dos recursos da natureza”, explicou.
Segundo Mazé, como é conhecida, para que os jovens continuem no campo é preciso que o Estado brasileiro desenvolva políticas que valorizem a juventude. Ela defendeu a bandeira da reforma agrária, de forma que haja condições para essa permanência.
De acordo com Alberto Broch, presidente da Contag, “mais importante que as reivindicações é o tema que os jovens levantam. Eles querem continuar produzindo alimentos daqui a 10, 20 ou 30 anos”.
Na abertura do festival, o governo federal lançou o edital da Juventude Rural, que destinará R$ 5 milhões para projetos de cooperativas e associações de jovens voltados para produção.
Esta edição do festival tem como tema Juventude na Luta por Terra, Políticas Públicas e Sucessão Rural na América Latina. A expectativa é que 5 mil jovens brasileiros e de outros países da América Latina participem do evento, que será encerrado amanhã (29) com um ato político na Esplanada dos Ministérios em defesa da reforma política.
Além de conferências e painéis temáticos sobre o papel da juventude na luta pela terra, o festival contou também com oficinas pedagógicas e atividades culturais.