Lava-Jato

Investigação é 'absolutamente impessoal', diz Janot ao rebater Cunha

Presidente da Câmara classificou de "querela pessoal" a atuação do procurador-geral contra ele

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Publicado em 11/05/2015 às 19:22
Foto: J.Batista/ Câmara dos Deputados
Presidente da Câmara classificou de "querela pessoal" a atuação do procurador-geral contra ele - FOTO: Foto: J.Batista/ Câmara dos Deputados
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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rebateu nesta segunda-feira (11) as críticas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), às investigações contra ele na Operação Lava Jato e afirmou que o trabalho da Procuradoria é "absolutamente impessoal".

Depois que Janot solicitou, na semana passada, uma diligência na Câmara -autorizada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal- para buscar registros digitais que podem vincular Cunha ao esquema de corrupção na Petrobras, o presidente da Câmara classificou de "querela pessoal" a atuação do procurador-geral contra ele.

Janot deu as declarações durante cerimônia na PGR para a devolução de recursos desviados da Petrobras, mas não citou Cunha diretamente.

"O trabalho está sendo impessoalmente conduzido. Aqui não se busca o alvo de uma ou outra pessoa. O que se busca são os esclarecimentos dos fatos. Dos esclarecimentos chegamos à autoria necessária à persecução penal", disse o procurador-geral.

Janot também frisou que em momentos de "turbulência" é necessário "ter muita calma" e citou trecho de música do compositor Walter Franco: "Manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo que aí a gente consegue chegar nos nossos objetivos".

A diligência na Câmara foi solicitada por Janot após a Folha de S.Paulo revelar que o nome "dep. Eduardo Cunha" aparece como autor de dois requerimentos sob suspeita no esquema de corrupção da Petrobras. Ambos os documentos pediam informações ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério de Minas e Energia sobre contratos da estatal com a empresa Mitsui. Segundo o doleiro Alberto Youssef, os requerimentos foram feitos para pressionar contra a interrupção em pagamentos de propina que beneficiariam Cunha.

Cunha tem feito críticas a Janot e articula, com aliados, a convocação dele pela CPI da Petrobras para explicar os critérios usados na abertura de inquéritos contra políticos na Lava Jato.

REPATRIAÇÃO

A cerimônia fez a entrega simbólica de R$ 157 milhões desviados pelo ex-gerente de Engenharia e Serviços da estatal, Pedro Barusco, repatriados da Suíça por conta de acordo de delação premiada. Segundo os procuradores, 80% desse valor será devolvido para a Petrobras e o restante ficará à disposição da Justiça para outros eventuais ressarcimentos que forem necessários no curso dos processos.

Segundo o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, os acordos de colaboração premiada com 16 pessoas resultaram até agora na previsão de devolução de cerca de R$ 580 milhões, acrescidos a outros R$ 500 milhões bloqueados judicialmente nas contas dos investigados.

"Isso ainda é pouco comparado ao valor desviado. Em razão disso, o Ministério Público propôs ações objetivando o ressarcimento de R$ 6 bilhões", afirmou Dallagnol.

Também presente à cerimônia, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou que a estatal está ingressando como coautora nas ações cíveis para reforçar os pedidos de devolução. "A Petrobras está no rumo certo para superar essa crise e voltar a ser a fonte não só de orgulho mas de bons resultados não só pros acionistas mas para toda a sociedade", disse.

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