Com duras críticas à presidente Dilma Rousseff, a senadora Marta Suplicy (sem partido-SP) disse nesta terça (9) que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) não pode ser comparado a "Judas ou Cristo" porque não é responsável pelo "pecado original do governo". Marta afirmou que Dilma, ao lado do ex-ministro Guido Mantega (Fazenda) e do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), são responsáveis por "desarranjar as contas públicas" -e não o atual titular da Fazenda.
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Ao defender Levy no plenário do Senado, Marta classificou de "ridículo" o discurso de que Levy não é Judas ou deve ser comparado a Jesus Cristo, em um recado direto a Dilma.
"A iniciativa de transferir toda a responsabilidade para o ministro da Fazenda Levy tem por base a mesma desonestidade intelectual que nós estamos vivendo desde o período da eleição. Colocar agora o Levy, que jamais fez parte desse trio que levou o país à situação em que está, no poste de Judas ou na cruz de Cristo, sucessiva e alternadamente, é praticar uma clássica manobra diversionista", atacou Marta.
A ex-petista disse que o "trio" Dilma, Mantega e Mercadante levou o país à "recessão, desemprego", praticando o que chamou de "maquiagem" de dados oficiais.
"O inevitável estouro das contas públicas não foi obra do Espírito Santo e nem de Judas, mas de pessoas de carne e osso. Entretanto, a mensagem que se quer passar a partir do Palácio do Planalto é a de que eles são espectadores e que têm que proteger o Levy para não virar Judas ou falar que no fundo ele está fazendo uma coisa tão boa que ele vai virar Cristo."
Marta disse que a presidente demorou semanas para escolher um "economista do gabarito de Levy" que vai consertar os "malfeitos" cometidos pela petista, por isso não merece ser comparado a um traidor ou a um mártir. "Ele é apenas um homem realizando uma das tarefas mais complexas da economia global: reposicionar a oitava economia do mundo na direção da responsabilidade", afirmou a senadora.
O discurso de Marta é uma resposta a Dilma e ao vice-presidente Michel Temer. Em entrevista ao "O Estado de S. Paulo", a presidente disse que Levy não pode ser visto como um "Judas" por liderar medidas impopulares do ajuste fiscal. Já o vice-presidente afirmou que o ministro da Fazenda disse que Levy é "muito menos Judas e muito mais Cristo" por levar adiante o ajuste fiscal necessário para o país.
Marta se tornou crítica do governo nos últimos meses, desde que entrou em crise com o PT, partido pelo qual militava há mais de 30 anos. A senadora deixou a sigla que, agora, reivindica na Justiça o seu mandato por infidelidade partidária. Marta deve se filiar ao PSB para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2016.