A prisão do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, ocorreu justamente no momento de mobilização de uma das empresas do grupo para se desvincular das acusações de corrupção da Operação Lava Jato.
Leia Também
A Odebrecht Óleo e Gás enviou carta ao presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, pedindo que a estatal a excluísse de sua lista negra de fornecedores, criada em dezembro em decorrência da investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Em sua defesa, a Odebrecht Óleo e Gás alegou que não havia sido citada nos depoimentos dos delatores.
Prestadora de serviços para exploração e produção de petróleo no mar, com receita de R$ 3 bilhões em 2014, a OOG está impedida, assim como outras 32 empresas de 26 grupos econômicos citados na lista, de participar das licitações da Petrobras e assinar contratos.
O rol foi elaborado pela Petrobras como "medida de caráter preventivo", com base em depoimentos de delatores, das investigações e das denúncias feitas pelo Ministério Público Federal à Justiça sobre o caso.
Apesar de não ter sido citada em depoimentos, a OOG entrou no rol das companhias vetadas porque nos testemunhos houve menções genéricas ao Grupo Odebrecht, integrante da lista.
A carta, assinada pelo presidente da OOG, Roberto Simões, traz como argumento principal o conteúdo de um ofício da CGU (Controladoria-Geral da União) recebido pela empresa. De acordo com Simões, o ofício foi enviado em resposta ao pedido de esclarecimentos da OOG sobre por que é investigada desde março.
Um dos trechos do ofício da CGU diz que "não há, até a presente data, a formulação de acusação formal em face da empresa processada, motivo pelo qual ainda não foi instada a apresentar defesa".
"A OOG não foi citada em qualquer depoimento. A CGU diz que nada nos desabona. Somos parceiros de décadas da Petrobras nesse setor e temos US$ 6 bilhões investidos em ativos, para atendê-la", disse Simões à reportagem.
Outras três empresas de menor porte também pediram a Bendine para rever a situação. Nenhuma foi atendida, ainda, segundo a Folha apurou.
Procurada, a Petrobras confirma ter recebido a carta e informa que "vem fortalecendo seus mecanismos internos de 'compliance', governança e conformidade".
Afirma, ainda, que a "CGU está analisando os processos de aplicação de sanções às empresas citadas na Lava Jato". Não informou se há prazo para aplicar as sanções nem de trazer fornecedores de volta ao cadastro, nem quais impactos da restrição de fornecedores aos seus negócios.