O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, que faz parte do núcleo político do governo, minimizou nesta segunda-feira (29) as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PT. Segundo o ministro, o partido está “coeso e aglutinado” e o ex-presidente tem todo o direito de conversar com as bancadas. Lula se reúne nesta segunda-feira com as bancadas do PT da Câmara dos Deputados e do Senado.
Leia Também
Em seminário promovido há uma semana pelo Instituto Lula, o ex-presidente disse que o PT precisa de nova utopia. Ao lembrar que o partido foi criado com o sonho de dar voz aos trabalhadores, Lula questionou a situação atual. "Queremos salvar a nossa pele, nossos cargos, ou queremos salvar o nosso projeto?", disse, na ocasião.
“O ex-presidente Lula é sempre muito bem-vindo para dialogar com os parlamentares, com os movimentos sociais, é uma liderança inquestionável que tem muita coisa a conversar conosco. As críticas são recorrentes na história do PT, que vive de momentos críticos em que se alimenta para continuar se renovando e construindo sua trajetória. Há 35 anos é assim. Não é novidade. Temos que saber conviver com isso com muita tranquilidade”, ressaltou Berzoini.
O líder do governo no Senado, senador Delcídio Amaral (PT-MS) negou que a vinda de Lula a Brasília tenha sido motivada pelo vazamento da delação premiada do presidente da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa. No depoimento, o executivo citou dois ministros próximos da presidenta Dilma Rousseff – o da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva – como beneficiários do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
“O presidente Lula já tinha agendado isso antes, tanto é que ele me falou sobre essa reunião na quinta-feira passada, à noite. Muitas pessoas podem estar fazendo essa vinculação, mas não é verdade. Essa agenda já estava marcada desde quinta-feira, antes até de começarem as primeiras versões e a imprensa começar a divulgar nomes [do depoimento de Pessoa]”, explicou.
Delcídio evitou comentar a chegada da investigação a ministros do núcleo político do Palácio do Planalto e disse que não é possível fazer juízo de valor sobre as declarações do executivo da UTC antes das considerações do Ministério Público Federal e do Supremo Tribunal Federal.“É preciso ver o que existe de fato, o que está nos autos. Tem que ter muita calma nessa hora”, avaliou.