O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu acompanhar de perto a articulação da bancada petista no Congresso em defesa do PT e do governo, inclusive com viagens mais frequentes a Brasília nos próximos meses.
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A avaliação de Lula é que um dos principais problemas da presidente Dilma Rousseff e de seus ministros é não unificar os parlamentares da legenda em torno das bandeiras do governo. Nas palavras de um aliado, Lula quer que a bancada do partido seja "a vanguarda" na defesa da gestão de sua sucessora.
A postura, porém, é diferente da que estava sendo adotada por Lula até poucos dias atrás, quando o ex-presidente fez críticas abertas à gestão Dilma e disse que tanto o PT, como ele e a presidente estavam "no volume morto".
Segundo a reportagem apurou, Lula está irritado com o governo, mas acredita que agora é preciso assumir posição em defesa da presidente e adotar o discurso de que Dilma tem sinalizado para uma agenda positiva, com o plano de concessões, as negociações para a alternativa ao fator previdenciário, entre outras medidas.
O ex-presidente viajou a Brasília nesta segunda-feira (29) -enquanto Dilma está em viagem oficial aos Estados Unidos- para uma série de reuniões em meio às acusações de corrupção envolvendo a cúpula do Planalto.
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva, foram citados na delação de Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC.
Em seus depoimentos, o empreiteiro confessou que pagou propina para fazer negócios com a Petrobras e relatou encontros em que discutiu contribuições políticas com Mercadante e Edinho, que negam qualquer irregularidade.
Lula telefonou nesta segunda (29) a Mercadante e pediu uma análise do real cenário político do governo. O ex-presidente reconheceu que a crise que acomete o PT e o Planalto chegou a um ponto delicado e que agora é hora de alinhar o partido e o governo para reconstruir a imagem de Dilma e do partido.
O ex-presidente também se reuniu com o marqueteiro João Santana, que tem passado os últimos meses na Argentina para tocar a campanha de José Manuel de la Sota, pré-candidato presidencial. A vinda do publicitário ao Brasil, no entanto, já estava marcada com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, para falar sobre o programa do partido, que irá ao ar em agosto.
Às 19h30, Lula se reuniu em um jantar com as bancadas do PT na Câmara e no Senado, onde pretende passar o recado de que sua fiscalização será agora mais de perto.
O ex-presidente vai cobrar dos deputados e dos senadores uma defesa mais enérgica do partido contra o que o governo chama de "vazamentos seletivos" na Lava Jato -na visão dos petistas, para prejudicar somente a legenda.
Ele ficou especialmente irritado há duas semanas com o que chamou de "cochilo" do PT, que não impediu a convocação de seu braço direito, Paulo Okamotto, para depor na CPI da Câmara que investiga a corrupção na Petrobras.
Nas bancadas, a principal cobrança dos petistas deverá ser pela adoção de uma agenda que ultrapasse o marco da aprovação do ajuste fiscal -que teve medidas impopulares, como a restrição ao acesso ao seguro-desemprego.