Delação Premiada

'Espero que delações tenham sido espontâneas', diz ministro do STF

Mais de um ano após as investigações sobre os desvios de recursos da estatal e pagamento de propina, que envolvem políticos e as principais empreiteiras do país, 18 acordos já foram confirmados

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Publicado em 01/07/2015 às 14:32
Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR
Mais de um ano após as investigações sobre os desvios de recursos da estatal e pagamento de propina, que envolvem políticos e as principais empreiteiras do país, 18 acordos já foram confirmados - FOTO: Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR
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O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello afirmou nesta quarta-feira (30) que nunca viu tanto acordo de delação premiada como os firmados entre acusados de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras e o Ministério Público, e disse esperar que todos tenham sido espontâneos.

Mais de um ano após as investigações sobre os desvios de recursos da estatal e pagamento de propina, que envolvem políticos e as principais empreiteiras do país, 18 acordos já foram confirmados. Os acusados prometem revelar detalhes da engenharia do esquema em troca de uma eventual redução de pena e outros benefícios.

"O momento é alvissareiro porque quando as coisas já não são varridas para debaixo do tapete a tendência é corrigir-se rumos. E isso é muito importante para nós termos dias melhores no Brasil. Agora, devo admitir que eu nunca vi tanta delação. Que elas, todas elas, tenham sido espontâneas", afirmou o ministro.

Questionado sobre as últimas considerações da presidente Dilma Rousseff sobre o instituto da colaboração premiada, o ministro desconversou. "Eu não posso raciocinar pelo extravagante. Eu assento que eles querem colaborar com a Justiça, muito embora o objetivo maior seja salvar a própria pele, ou pelo menos amenizar uma pena futura", disse.

Um dia depois de igualar os delatores da Operação Lava Jato a presos políticos que traíram os companheiros sob tortura na ditadura militar, a presidente Dilma Rousseff comparou as investigações sobre corrupção na Petrobras a processos medievais.

Em entrevista na Casa Branca ao lado do presidente americano, Barack Obama, Dilma criticou o que chamou de "vazamento seletivo" das apurações e disse que as provas precisam ter fundamentos, e não simplesmente ilações. "Isso é um tanto quanto Idade Média", disse.

Duas novas delações aumentaram a pressão em torno do governo e do PT. O executivo Ricardo Pessoa, dono da UTC, disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente. Em seus depoimentos, ele teria mencionado ainda doações ilegais R$ 15,7 milhões a ex-tesoureiros do PT e da campanha de Dilma.

Já lobista Milton Pascowitch relatou a investigadores do caso que intermediou o pagamento de propina ao PT e ao ex-ministro José Dirceu para garantir contratos da empreiteira Engevix com a Petrobras.

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