Dois policiais federais ouvidos nesta quinta-feira (2) pela CPI da Petrobras afirmaram que a escuta instalada na cela do doleiro Alberto Youssef estava ativa e foi feita sem autorização judicial, contradizendo conclusão da sindicância feita pela Polícia Federal.
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Na sindicância finalizada em setembro do ano passado, a PF havia concluído que a escuta estava inativa. Outra investigação, porém, já está sendo feita sobre o caso.
A escuta foi encontrada por Youssef em abril do ano passado, pouco menos de um mês após ter sido preso na Operação Lava Jato e bem antes de ele firmar um acordo de delação premiada. Seu advogado pediu uma investigação, mas a conclusão foi pela inatividade do grampo.
Os depoimentos à CPI, porém, contradizem esta conclusão. Foram ouvidos em uma sessão reservada o agente da PF Dalmey Fernando Werlang, que atuou em Curitiba -onde corre a investigação da Lava Jato- e o delegado José Alberto de Freitas Iegas, que foi diretor de inteligência da PF em Brasília.
Segundo relatos dos parlamentares que acompanharam a sessão, Werlang admitiu ter instalado a escuta pouco antes de Youssef ter sido levado à cela, e disse ter agido cumprindo ordens de seus superiores na superintendência da PF em Curitiba.
O agente afirmou não ter perguntado aos superiores se tinham autorização judicial, tendo apenas cumprido ordens, justificando que esse é o procedimento "de praxe".
Já Iegas disse que foram gravadas conversas enquanto o doleiro e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa estavam presos na mesma cela da superintendência da PF em Curitiba. Com isso, segundo Iegas, as informações obtidas nos diálogos eram usadas para interrogá-los.
Werlang afirmou ainda que a escuta ficou ativa por cerca de dez dias. Quando foi achada por Youssef, o equipamento se danificou.
Os dois policiais disseram que era falso um dos argumentos da sindicância da PF, de que a escuta havia sido instalada anteriormente na cela para gravar conversas do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Isso porque, segundo os relatos dos parlamentares, esse equipamento de escuta encontrado na cela só foi enviado à PF de Curitiba depois que o traficante não estava mais lá.
O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), declarou que a suspeita de ilegalidade na instalação da escuta é "grave" e que seus responsáveis devem ser punidos. Parlamentares defenderam a convocação dos demais policiais federais citados no envolvimento no caso, mas afirmaram que a escuta ilegal não deve ser um pretexto para deslegitimar a Operação Lava Jato.