Ataque

Juiz faz 'ouvidos de mercador', diz defesa da Odebrecht, sem explicar notas

A defesa também acusou Ministério Público Federal de perseguir Marcelo Odebrecht e a Polícia Federal de adotar a tática de "atirar primeiro e perguntar depois"

Da Folhapress
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Publicado em 27/07/2015 às 22:25
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil / Fotos Públicas
A defesa também acusou Ministério Público Federal de perseguir Marcelo Odebrecht e a Polícia Federal de adotar a tática de "atirar primeiro e perguntar depois" - FOTO: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil / Fotos Públicas
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Em documento encaminhado à Justiça Federal na noite desta segunda (27), os advogados do presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, não ofereceu explicações sobre conteúdo da maior parte das anotações apreendidas no telefone celular] do empresário e culpou o juiz Sergio Moro por fazer "ouvidos de mercador" [se fazer de surdo] aos argumentos da defesa.

Na semana passada, Moro intimou a defesa a explicar as expressões "trabalhar para para/anular (dissidentes PF...)", uma suposta alusão ao uso de policiais para tumultuar as investigações, "higienizar apetrechos MF e RA", referência do empresário a dois executivos do grupo sob investigação e que sugeriria, segundo o juiz a destruição de provas.

Os advogados dizem que o juiz não esperou os esclarecimentos da defesa para declarar nova prisão preventiva de Odebrecht com base nas anotações.

"Escancarado, desse modo, que a busca da verdade a busca da verdade não era nem de longe a finalidade da intimação, a defesa não tem motivos para esclarecer palavras cujo pretenso sentido Vossa Excelência já arbitrou. Inútil falar para quem parece só fazer ouvidos de mercador", afirma o documento assinado pelos advogados Dora Cavalcanti, Augusto Arruda Botelho e Rafael Tucherman.

A defesa também acusou Ministério Público Federal de perseguir Marcelo Odebrecht e a Polícia Federal de adotar a tática de "atirar primeiro e perguntar depois".

Segundo os advogados, a PF deveria ter pedido informações sobre o significado das anotações ao executivo em vez de ter "cravado significados que gostaria que certos termos e siglas tivessem".

Nas anotações do celular, a análise da PF relacionou as iniciais LJ à "Lava Jato" e a expressão "ações B" a um plano para tentar atrapalhar as investigações.

Conforme a petição apresentada pela defesa, "ações B" referem-se à auditoria interna da Braskem (petroquímica do grupo Odebrecht) noticiadas pelo colunista Lauro Jardim, o "LJ".

"O peticionário deplora, isso sim, o rematado absurdo de se considerar anotações pessoais a si mesmo dirigidas, meras manifestações unilaterais de seu pensamento, como atos efetivamente executados ou ordens de fato passadas", afirma a defesa.

Nas anotações também surgiram "Vazar doação campanha. Nova nota minha midia? GA, FP, AM, MT, Lula? ECunha?" –o que, para o juiz Sergio Moro, poderia ser uma tentativa de constranger beneficiários de doações eleitorais.

Seriam, segundo a PF, referências aos governadores Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Fernando Pimentel (PT-MG), ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), ao ex-presidente Lula e ao deputado Eduardo Cunha. Este conjunto de anotações não foi explicado pelos advogados de Marcelo Odebrecht.

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