Quando chegou à sede da Polícia Federal, em Curitiba, na tarde de terça (4), o ex-ministro José Dirceu fez um pedido. Ele queria falar com um agente da custódia da PF para saber com detalhes todas as regras e horários da carceragem.
Leia Também
- Movimento petista fará vigília no STF em solidariedade a José Dirceu
- José Dirceu pode passar a noite preso na Papuda, em Brasília
- Ex-ministro José Dirceu deve chegar a Curitiba hoje à tarde
- PT decide que não fará defesa pública de José Dirceu, preso na Lava Jato
- Para ministro, defesa de José Dirceu cabe aos advogados do petista
"Ele quis passar a imagem de que é disciplinado, que foi um preso exemplar quando esteve na Papuda" avaliou um policial que lhe informou as instruções que regem o local.
Depois da conversa, foi para a cela que passou a dividir com o publicitário Ricardo Hoffman e com o ex-engenheiro da Petrobras Celso Araripe, que, como ele, foi detido na segunda (3) durante a 17ª fase da Operação Lava Jato. Lá, vestiu-se com a camiseta do seu time, o Corinthians, e com uma bermuda que usou de pijama para passar sua primeira noite na prisão.
Dormiu em uma das camas dentro da cela e Araripe na outra, enquanto Hoffman foi colocado no corredor. Na primeira noite a porta ficou fechada, mas não trancada, devido a essa disposição dos presos.
No dia seguinte, o primeiro que passou na carceragem de Curitiba, o petista chamou a atenção pela postura simples e pela tranquilidade. Acordou dizendo que teve uma boa noite de sono, puxou papo com os companheiros de cela e elogiou o almoço, que tinha no cardápio arroz, feijão, macarrão, legumes, salada e filé à parmegiana. O prato dele, no entanto, veio sem sal, exigência da dieta que faz por causa de suas crises de hipertensão.
Não fez nenhum pedido aos policiais, tudo que queria reuniu em uma lista que entregou à advogada Anna Luiza Souza, que havia lhe levado frutas, roupas, barbeador e outros itens de higiene pessoal. Segundo pessoas que tiveram contato com o petista, ele está consciente que deverá passar uma estada longa na prisão, chegando a verbalizar isso com companheiros e a pedir itens para o mês que vem à sua defensora.
Uma das maiores preocupações de Dirceu era saber se poderia receber visitas da atual mulher Simone Pereira, e de sua filha Maria Antonia, 5. As condições e horários da visita de familiares foi um dos motivos que fizeram a advogada Anna Luiza viajar até Curitiba. Ele estava preocupado com o fato de que, por não ser casado no papel, fosse impedido de receber as visitas de Simone.
O irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, assim como seu ex-assessor Roberto Marques, foram instalados em uma ala diferente de Dirceu e não tiveram contato com ele, segundo agentes da PF.
Quando chegou à sede da PF em Curitiba, Luiz Eduardo pediu para ficar próximo ao irmão, mas não foi atendido. Já Dirceu não perguntou sobre ele, ao menos no primeiro dia.
O petista está instalado na mesma ala do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, podendo ter contanto com eles em horários como os de banho de sol.
NOVA ROTA
Para levar José Dirceu à sede da PF na tarde de terça, três carros da polícia federal foram deslocados por volta das16h para o Aeroporto de Curitiba. A ideia inicial era que o petista descesse do carro dentro do pátio da Superintendência e fosse caminhando até a garagem.
Os planos mudaram em cima da hora, quando os agentes já aguardavam Dirceu. Devido a uma manifestação contra o ex-ministro na porta da PF, a chefia ordenou que ele entrasse pelos fundos.
Ao saber do movimento na sede da PF em Curitiba, Dirceu disse aos agentes que soube que tinha gente querendo fazer protesto a seu favor na porta da Papuda, em Brasília.