Encontro

Lula sugere a Dilma blindar Levy, mas afrouxando o ajuste fiscal

O ex-presidente também pediu a Dilma que se reaproxime do vice, Michel Temer (PMDB)

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 04/09/2015 às 10:45
Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula
O ex-presidente também pediu a Dilma que se reaproxime do vice, Michel Temer (PMDB) - FOTO: Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula
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Em conversa reservada com a presidente Dilma Rousseff, na noite desta quinta-feira (3) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostrou preocupação com as especulações sobre a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e disse a ela que o governo não pode deixar dúvida sobre a permanência do auxiliar. Mesmo assim, Lula insistiu em que é preciso afrouxar um pouco o ajuste fiscal, para permitir o crescimento da economia.

O ex-presidente também pediu a Dilma que se reaproxime do vice, Michel Temer (PMDB), que ontem, em mais uma rodada de conversas com empresários, admitiu ser difícil um governante resistir mais três anos com popularidade baixa. A frase foi interpretada por petistas como uma tentativa do vice de se credenciar para o lugar de Dilma.

Lula afirmou a Dilma que ela precisa "agir rápido" tanto na economia como na política. Para ele, se o governo perder o apoio do PMDB de Temer e também do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), o desfecho da crise pode ser imprevisível.

O ex-presidente esteve com Dilma, no Palácio da Alvorada, horas depois de ela ter se encontrado com Levy e com os ministros Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil). O governo saiu a campo para a operação "segura Levy", na tentativa de abafar a crise, depois que o titular da Fazenda escancarou o mal-estar por se considerar desprestigiado na equipe.

Um auxiliar de Dilma disse ao jornal O Estado de S. Paulo que o ministro da Fazenda só não deixou o cargo, ainda, porque tem "responsabilidade com o País" e por temer o rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de classificação de risco e a perda do grau de investimento.

Levy ficou muito contrariado com o vaivém das decisões dos últimos dias no governo, passando a imagem de incerteza na condução da economia, com repercussão negativa no mercado. Brigou pelo superávit de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2016, mas acabou derrotado.

Além disso, Levy não escondeu a insatisfação com as sucessivas críticas ao ajuste fiscal, até mesmo por parte do PMDB de Temer, que lhe dá sustentação. O ministro chegou a reclamar com o próprio Temer, que renovou o apoio a Levy.

Os ataques do PT também incomodam Levy. Para piorar a situação, a Frente Brasil Popular - composta por PT, PC do B, PSB e PDT, além de representantes de movimentos sociais e centrais sindicais - lançará amanhã um manifesto, em Belo Horizonte, pregando a mudança da política econômica. Faixas de "Fora Levy" são esperadas no encontro.

Lula e o PT sempre foram mais próximos de Barbosa do que de Levy. O ex-presidente avalia, no entanto, que o PT deve "segurar a onda" nesse momento e não pregar a saída do comandante da economia. No seu diagnóstico, o governo precisa aumentar o crédito e não cortar investimentos. 

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