Brasília

'Função do homem público é buscar a concórdia', diz Temer na TV

Declarações do vice-presidente foram dadas após fala polêmica sobre a baixa popularidade de Dilma Rousseff

Júlio Cirne
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Júlio Cirne
Publicado em 07/09/2015 às 9:20
Agência Brasil
Declarações do vice-presidente foram dadas após fala polêmica sobre a baixa popularidade de Dilma Rousseff - FOTO: Agência Brasil
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Em entrevista ao programa de TV Preto no Branco, do jornalista Jorge Bastos Moreno, exibido no canal fechado TV Brasil, o vice presidente Michel Temer (PMDB) disse que a função do homem público é buscar "concórdia" e "aproximar desiguais".

"Eu levo jeito para isso", disse Temer no programa que foi ao ar neste domingo (6).

A resposta do vice foi dada após ser perguntado se seria hoje o principal porta-voz do empresariado brasileiro junto ao governo. Temer disse que a afirmação não era "nem errada, nem certa" e que tem bom contato com o "empresariado e várias fontes sociais por não ter dificuldade de diálogo".

"Faz parte da nossa formação democrática e que me levou sempre à ideia que a função do homem público muitas vezes é aproximar desiguais e não afastá-los", disse Temer.

Temer não quis fazer prognósticos sobre seu futuro e negou que esteja articulando contra a presidente. Ele tentou explicar uma declaração polêmica dele, dada em agosto, quando disse que "alguém precisava unificar o país". Segundo o vice, essa declaração saiu dentro de um contexto de reconhecimento de que a crise era muito grave e que era necessário reunificar o país.

"O alguém está no contexto de uma frase em que eu disse 'alguém precisa ter a capacidade de unificar o pensamento nacional' e por isso eu, como articulador político do governo tomo a liberdade de fazer um apelo à nação para que nós todos nos unamos e encontrarmos caminhos para essa crise", afirmou Temer.

Perguntado se esse não alguém não teria que ser a presidente Dilma Rousseff e que a frase a excluía, Temer disse que a frase foi usada dessa maneira, inclusive por pessoas que foram à presidente, e que isso o ofendeu:

"Deram-me o epíteto de asno. Eu sou tão burro que sou capaz de verbalizar uma coisa como essa. Se quisesse fazer isso [conspirar contra a presidente], jamais falaria", disse Temer.

2018 - Perguntado se iria apagar a luz do fim da aliança entre PT e PMDB, o vice reconheceu que a aliança está desgastada, mas não se sabe o que pode ocorrer mais à frente. Ele levantou a hipótese do PT apoiar o PMDB numa eventual candidatura do partido dele à presidente como um possível motivo para manutenção da aliança.

Temer disse que é difícil fazer a três anos da eleição um prognóstico se o ex-presidente Lula (PT) vai ser mesmo candidato. Perguntado se ele seria o candidato do partido, o vice respondeu:

"Há figuras mais preciosas no PMDB do que eu. Prestei bons serviços ao partido. Isso depende das circunstâncias. Nem nego, nem deixo de aprovar. Na minha vida, nunca escolhi muito o que ia fazer. Eu era levado. Sinto-me muito à vontade [para concorrer] com o currículo que tenho", afirmou Temer lembrando que seu partido é agregador é que é uma característica que o país precisa nesse momento.

COORDENADOR - Temer afirmou que entregou a tarefa de coordenador político porque ele foi chamado para a função para aprovar o ajuste fiscal e que, quando terminou, já não havia mais sentido ficar. A própria presidente teria pedido para ele fazer 'uma articulação política mais ampla'.

Quando perguntado se foi traído pelo próprio Planalto, que começou a fazer articulação direta com líderes do PMDB, paralela à dele, Temer afirmou que achou bom:

"Desajustes acontecem em qualquer governo. Na vida pública temos que estar acima dos acontecimentos. Quando vi isso ocorrer, disse 'que coisa boa, o governo está encontrando seu caminho'. Abri a senda e agora as pessoas podem trabalhar. Prestei uma boa colaboração", afirmou Temer, dizendo que não teve problemas com o ministro da Fazenda Joaquim Levy.

Em relação à CPMF, Temer foi perguntado se teve uma conversa dura com a presidente sobre o tema. Ele afirmou que suas palavras foram 'institucional' e 'francas', avisando à presidente que a proposta de emenda constitucional não poderia ser feita sem preparo para convencer a sociedade e o Congresso.

"Acho que ela se impressionou com esses argumentos. Convenhamos, o governo não pode hoje ingressar com um pedido dessa natureza no Congresso", afirmou Temer.

O vice defendeu que o orçamento de 2016 fosse mandado com déficit para que seja feito com transparência. Na análise dele, se o governo mandasse o orçamento prevendo a CPMF e o imposto não fosse aprovado, haveria uma derrota política e econômica.

"Todos vão colaborar para encontrar uma solução [para o déficit]. A principal tarefa é do executivo, mas na sociedade como um todo e no Congresso, há uma disposição para ajudar o país".

Sobre seu partido, o vice disse que reconhece que administrá-lo não é fácil. Ele defendeu os presidentes das Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, ambos investigados na Operação Lava Jato, dizendo que nenhum dos dois teve sequer a denúncia aceita. Temer afirmou ainda que é preciso separar a operação da administração pública para não prejudicar o país.

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