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Rebaixamento do Brasil 'não significa nada', diz Lula

Lula também criticou as agências de classificação de risco

Da Folhapress
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Publicado em 10/09/2015 às 14:55
Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Lula também criticou as agências de classificação de risco - FOTO: Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula
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A perda do selo de bom pagador pelo Brasil "não significa nada", na opinião do ex-presidente Lula. Em visita à Argentina, ele afirmou que o governo não deve aceitar a "receita" que vem desses organismos.

"É importante que a gente tenha em conta que o fato de ter diminuído o grau de investimento não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer", afirmou Lula.

"Porque quando eles diminuem, vem a receita de mais arrocho, mais ajuste, mais desemprego, mais corte de gastos. Não vem nunca nunca mais educação, mais profissionalismo, mais investimento", acrescentou.

Lula também criticou as agências de classificação de risco.

"Eu acho engraçado como eles têm facilidade de tomar medidas contra a dor de barriga na América Latina", disse. "Todo mundo sabe quantos países da Europa estão quebrados. E eles não têm coragem de reduzir o rating de nenhum deles".

Lula afirmou que, quando foi eleito, em 2003, levou seus ministros, principalmente os representantes da área do Planejamento e da Fazenda, para "pegar na mão de um pobre".

"Era importante que o ministro do Planejamento e da Economia soubessem que eles não estavam governando apenas para as agências de rating. É importante que eles soubessem que havia um outro Brasil, que parecia invisível, que só aparecia nas estatísticas e que, para alguns, simbolizavam os problemas do Brasil", afirmou.

Segundo Lula, quando assumiu a Presidência, muitos economistas lhe diziam que o Brasil "estava quebrado, não tinha conserto, que não era possível governar, que não tinha dinheiro sequer para fechar o caixa no final do ano".

OUVIR A SOCIEDADE

"Eu ficava me perguntando: se essas pessoas são meus amigos e me dizem que o país está quebrado, que diabo de amigos me elegeram presidente?", disse. "Aí eu resolvi ouvir a sociedade brasileira. Eu resolvi compartilhar o mandato. Eu falo muito, mas eu ouço muito".

O ex-presidente disse que procurou ouvir empresários e trabalhadores.

"Duro é quando você pensa que sabe tudo sozinho", afirmou. "Eu não tinha uma tese para governar, eu tinha um projeto e o meu projeto era melhorar a vida das pessoas mais humildes, porque eu sabia quando os mais pobres subissem um degrau na escala social todo mundo poderia ganhar".

Lula está na Argentina a convite da fundação DAR (Fundación Desarollo Argentino), controlada pelo governador Daniel Scioli, que concorre à presidência com o apoio da presidente Cristina Kirchner. Ele discursou em uma seminário sobre responsabilidade social.

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