O ex-presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (5) que não tem medo de ser preso pelas operações Lava Jato ou Zelotes. A declaração foi feita em entrevista ao programa SBT Brasil.
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"Não temo [ser preso]", disse. "Eu duvido que tenha alguém neste país -do pior inimigo meu ao melhor amigo meu, qualquer empresário pequeno ou grande- que diga que um dia teve alguma conversa ilícita comigo", acrescentou.
O petista ironizou investigações que afetam seus familiares, principalmente o filho Luis Cláudio, e disse que o Brasil está "vivendo neste momento a república da suspeição". Segundo ele, hoje no país não é necessário ter provas contra um acusado, é preciso apenas suspeitar de alguém para que a pessoa esteja condenada.
Lula, que riu em mais de uma ocasião enquanto o jornalista Kennedy Alencar fazia perguntas sobre denúncias, foi novamente irônico ao ser questionado se nunca fora alertado sobre a corrupção na Petrobras -argumento já usado por ele quando das denúncias relativas ao mensalão.
"Eu não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, não fui alertado pela Polícia Federal, eu não fui alertado Pelo Ministério Público e eu sou o presidente que mais visitou a Petrobras", declarou. "Essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai", acrescentou.
FHC
Lula também afirmou que seu antecessor na presidência, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tem "problema de soberba".
"O FHC sofre com o meu sucesso", disse. Para Lula, FHC contava com o fracasso de seu primeiro mandato, iniciado em 2002, para voltar à presidência em 2006.
"Ele devia pensar: 'O Lula não fala inglês, o Lula não sabe falar com pessoas'", especulou o petista, acrescentando que o seu governo "se transformou numa coisa admirada em todo mundo".
Perguntado sobre uma fala de FHC, que o classificou como um político encantado pelas delícias do poder que oficializou o "toma lá dá cá", Lula citou o escândalo da compra de votos para a emenda da reeleição, em 1997.
"Toda vez que ele [FHC] tiver que falar de corrupção, ele tem que lembrar da reeleição de 1997. Ele tem que lembrar que o único mensalão criado, reconhecido inclusive por deputados do DEM, que disseram que receberam [dinheiro], foi ele", argumentou.
2018
Lula disse estar disposto a ser candidato à presidência em 2018 para defender o projeto de governo das gestões petistas.
"O que é importante é que você defenda um projeto político, como nós defendemos, que incluiu milhões de brasileiros, participando da economia e participando da distribuição de renda neste país", disse Lula. "Para defender esse projeto, se eu perceber que ele vai correr risco, não tenha dúvida de que eu estou disposto a ser candidato", completou.
O petista também declarou que, se seu objetivo for apenas o de evitar a oposição, "não precisa nem ser candidato".
Perguntado se o PT cometeu estelionato eleitoral durante a campanha de 2014 para reeleger a presidente Dilma Rousseff, Lula disse não saber se o governo federal "tinha clareza" que as medidas pregadas durante a candidatura seriam tão diferentes das que acabaram sendo adotadas após as eleições.
"Depois da campanha, percebeu-se que estava saindo mais dinheiro do que entrando", afirmou Lula.
O ex-presidente reconheceu que o governo federal cometeu erros, citando como exemplo a decisão de não aumentar o preço da gasolina em 2012, fazendo com que tudo aumentasse de uma vez. Também disse que a administração federal não deveria ter concedido tantas desonerações.