Questionado sobre a avaliação, inclusive de aliados, de que suas justificativas para as contas na Suíça não convenceram, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou nessa segunda-feira (9) ter se baseado em "fato real" e que não cabe a ele comprovar a acusação.
Leia Também
- Cunha diz que não deve decidir sobre pedidos de impeachment nesta semana
- Relator de cassação contra Cunha cogita antecipar relatório preliminar
- Edinho: governo espera que Cunha tenha todas as condições de defesa
- Frente realiza protesto contra Cunha no Marco Zero
- Manifestantes protestam contra ajuste fiscal e permanência de Cunha
"O ônus da prova é de quem acusa. Quem quer me acusar tem que provar que eu sou errado. Não estou discutindo se ganhei ou se perdi, se convenci ou deixei de convencer. Estou fazendo o meu papel. Você tem a acusação e eu vou apresentar a minha defesa com o fato real, não posso apresentá-la com suposição. E o fato real foi apresentado", disse.
Na sexta (6), Cunha reconheceu sua ligação com as contas suspeitas de terem sido irrigadas com recursos desviados da Petrobras. Segundo ele, todo o dinheiro teve origem lícita, fruto de negócio que teria feito antes de entrar na vida pública, entre elas, a venda de carne enlatada para o exterior e investimentos em ações.
Embora só precise apresentar sua defesa no Conselho de Ética dez dias após o parecer preliminar do relator, o deputado Fausto Pinato (PRB-SP), ser votado, Cunha admitiu nesta segunda a possibilidade de apresentar uma defesa prévia antes da entrega do parecer preliminar pelo relator.
"É possível que apresente alguma coisa antes do parecer preliminar. Até porque eu posso me manifestar em qualquer fase do processo. A defesa mais formal, seria para posteriori. Alguma coisa deve se apresentar antes do parecer preliminar".
A estratégia de Cunha é convencer os membros do Conselho a arquivar o caso já nesse primeiro momento, quando Pinato deve manifestar-se pela admissibilidade do caso. Por isso essa defesa antecipada.
Seu principal foco será tentar comprovar que não mentiu quando negou à CPI da Petrobras, em março, ter contas fora do país. Vai usar como argumento o fato de que o dinheiro era movimento por "trusts", entidades jurídicas organizadas para administrar seu patrimônio no exterior.
"Para o Conselho de Ética, estou apenas respondendo a suposta quebra de decoro por supostamente não ter falado a verdade durante a CPI e não de todo esse processo que está acontecendo. Lá não é palco para isso. Demais pontos os meus advogados saberão explicar no poder Judiciário".
Caso Cunha não consiga engavetar o processo já no primeiro momento, o processo tem andamento, e contam mais prazos. Não se acredita, contudo, que haja tempo para finalizar as investigações ainda este ano.