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Membro da Fiesp afirma que Temer não vai abafar Lava Jato

Loures disse que Temer não fez qualquer referência aos quadros do PMDB que são investigados na Lava Jato

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 31/03/2016 às 17:54
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Loures disse que Temer não fez qualquer referência aos quadros do PMDB que são investigados na Lava Jato - FOTO: Foto: JC Imagem
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O vice-presidente Michel Temer garantiu a empresários que não haverá qualquer operação "abafa" da Lava Jato, caso ele assuma a Presidência da República após eventual afastamento de Dilma Rousseff, relatou Rodrigo Rocha Loures, presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp. Loures participou de almoço a porta fechadas de Temer com conselheiros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que durou cerca de duas horas nesta quinta-feira (31).

"Ele (Temer) falou que estava sendo noticiado que haveria um jogo de abafa caso ele viesse a assumir a Presidência, o PMDB viesse a ficar responsável pelo governo do País. Ele afirmou que isso, em absoluto, não vai acontecer porque ele é um constitucionalista, ele respeita as instituições e ele sabe que esse é um processo que ocorre na esfera do poder Judiciário e que ele será o primeiro a respeitar a autonomia desse programa (a Lava Jato). Isso repercutiu muito bem no meio dos empresários" afirmou Loures, que disse haver uma preocupação entre o empresariado para que a institucionalidade brasileira seja recuperada no processo de combate à corrupção. "A corrupção é muito prejudicial ao bom funcionamento da economia", completou

Loures disse que Temer não fez qualquer referência aos quadros do PMDB que são investigados na Lava Jato - entre eles estão, por exemplo, Eduardo Cunha e Renan Calheiros, respectivamente presidentes da Câmara e do Senado. "Não, isso não", respondeu. "Ele só disse que, enquanto vice-presidente e caso venha a ser presidente, ele vai respeitar a autonomia e a dinâmica da Lava Jato. Ele disse também que quando foi constituinte, foi um dos protagonistas dos artigos na Constituição que valorizaram o empoderamento do Ministério Público e as autonomias, então entende que, no regime democrático deve haver equilíbrio dos diversos poderes e que o Executivo deve permitir que o Judiciário funcione."

Segundo o membro da Fiesp - entidade que se mobiliza pelo impeachment -, Temer também justificou aos empresários o desembarque do PMDB do governo Dilma Rousseff, oficializado no dia 29. Temer teria afirmado aos empresários que um dos motivos foi o governo Dilma não ter aceito as propostas do partido para a economia, no plano de teor liberal chamado "Uma Ponte para o Futuro".

"Ele disse que o atual governo não se sensibilizou pela proposta do PMDB, mas que eles vão prosseguir trabalhando e avançando nesses estudos."

Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e conselheiro do Iedi, também relatou que Temer citou a questão para explicar a saída do PMDB da base governista. "O presidente (sic) se disse frustrado pelo governo não ter acatado o 'Ponte para o Futuro' e isso precipitou a saída."

Economia 

Como em ocasiões anteriores, em que se reuniu com empresários, Temer defendeu as propostas do programa peemedebista. Segundo Rocha, o vice-presidente destacou a proposta de fazer as reformas previdenciária e trabalhista, "dando mais força ao que é negociado entre as partes do que o que está legislado", a desvinculação de despesas do orçamento federal, a redução do Estado, o aumento da competitividade e a diminuição da burocracia. "A voz geral de todos que falaram foi de total apoio ao 'Ponte para o futuro', que é a mais perfeita síntese das reformas, é um projeto para o País. Alguns até parabenizaram a coragem do PMDB em assumir um plano de reformas tão ousado, necessário."

Segundo Rocha, Temer foi convidado pelo Iedi para o encontro. Havia cerca de 40 empresários no espaço reservado de um restaurante em área nobre da capital paulista. Temer saiu sem falar com a imprensa. Tanto Loures como Rocha se declararam favoráveis ao impeachment de Dilma como opção para "troca de ciclo" no País.

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