O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, disse que vai continuar na liderança da defesa jurídica da presidente afastada Dilma Rousseff nesta próxima etapa do processo, em que Dilma tentará provar que não cometeu crime de responsabilidade.
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Cardozo, que ainda permanecia no Palácio do Planalto após Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixarem o local, disse que o Conselho de Ética da Presidência da República o liberou de um período de quarentena para atuar na causa do impeachment porque já estava trabalhando na causa. "Não há conflito de interesse. Permanecerei na defesa, em conjunto com outros advogados", disse.
Nos próximos meses, a defesa de Dilma vai buscar novos caminhos para provar que a presidente afastada não cometeu crime de responsabilidade. Uma das possibilidades será questionar a "justa causa" do processo, etapa jurídica que, segundo Cardozo, não foi abordada até agora.
"No momento oportuno, a defesa judicializará essas questões. Não permitiram que fizéssemos prova. Pelo rito que estava colocado, nem provas nós pudemos dar. Até hoje não sei de qual ato a presidente Dilma Rousseff é acusada, porque ninguém diz", comentou. "É incompreensível. Nós vamos colocar isso. Qual é o ato? Do que ela está sendo acusada? Onde é que está o dolo? Onde é que está a má fé? Nada disso foi provado. Os relatórios não mostram isso."
Visivelmente cansado, o ex-ministro da Justiça do governo Dilma disse que, apesar da derrota, seguirá "lutando com muita garra e determinação". "É uma luta da democracia, contra a injustiça e na defesa daquilo que é muito caro para nós, que é a Constituição. O processo foi só político, nada jurídico. Criaram uma fumaça jurídica para tentar dizer que havia crime, mas não há o menor resquício de crime. É uma coisa impressionante o que se usa de pretexto para tentar dizer que a presidente cometeu algum crime. Foi uma destituição política, um golpe."