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Os erros que levaram Dilma a sofrer a derrota do impeachment

Falta de articulação, impopularidade e problemas na política econômica pesarm sobre a petista

Mariana Araújo
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Mariana Araújo
Publicado em 12/05/2016 às 6:00
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Falta de articulação, impopularidade e problemas na política econômica pesarm sobre a petista - FOTO: Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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Dilma Rousseff (PT) chegou ao poder pelas mãos do ex-presidente Lula (PT). Bem avaliado, com a economia andando bem, Lula superou escândalos como o mensalão no Congresso e a prisão de um dos seus principais aliados, José Dirceu, e fez a sua sucessora. Ato que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não conseguiu, apesar do cenário de estabilidade econômica trazido pelo Plano Real. Mas a petista não conseguiu surfar na onda de popularidade que a elegeu. E o ponto culminante se deu ontem, quando o Senado aprovou o seu afastamento da presidência.

Citar um único fato que levou Dilma à queda é difícil. A soma inclui um péssimo relacionamento com o Congresso Nacional, a falta de diálogo político até com aliados, a má condução da economia do País, a pequena diferença com que ganhou a eleição de 2014, a insatisfação e a impopularidade diante da população e uma atuação chamada por alguns de irresponsável da oposição.

O processo de impeachment foi iniciado pelo presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que aceitou a denúncia de que Dilma teria cometido as pedaladas fiscais, argumento defendido pelos juristas Helio Bicudo, Miguel Reale Junior e Janaína Paschoal. Coincidência ou não, Cunha teria decidido aceitar o pedido após o PT anunciar que votaria a favor da cassação do seu mandato no Conselho de Ética.

“A tese que lançou o impeachment, das pedaladas fiscais, é antiga no Brasil. O processo de afastamento de um presidente independe da avaliação jurídica, depende do apoio que se tem no Congresso”, avalia o cientista político, professor das faculdades Damas e Estácio, Elton Gomes. O professor aponta, ainda, a falta de relacionamento com Eduardo Cunha. “Ela não conseguiu manter um relacionamento adequado com Cunha, que por um período, foi aliado do governo. Quando o PT negou os votos que ele precisava no Conselho de Ética, usou seu poder com uma decisão monocrática, mas que não é errado”, analisou Gomes.

Outro fator citado por Gomes foi o mal relacionamento de Dilma com o seu vice, Michel Temer (PMDB). “Quando Temer acumulou a articulação política do governo, ele fechou vários acordos, que não foram cumpridos por Dilma. Ele se sentiu desautorizado e pouco tempo depois deixou a função. O nosso sistema, uma lei de 1950, deixa o presidente muito vulnerável ao seu vice”, avaliou Elton Gomes.

Os problemas de relacionamento político foram citados pelo senador Humberto Costa (PT-PE), líder do governo, numa entrevista publicada na Folha de São Paulo, na última segunda-feira. “Dilma é uma pessoa que tem dificuldade de dialogar, de ouvir, é o perfil dela, com todo o respeito. Ela não se adaptou a um modo de fazer política que existe no Brasil”, afirmou o senador ao periódico. “No Brasil, esse modelo de presidencialismo de coalizão, você tem que ter uma relação que tem que conviver e ter ao seu lado gente que pensa e age de maneira diferente”, acrescentou, na mesma entrevista. Segundo Humberto, o PT fará oposição ao governo Temer, pois não teria como manter o diálogo com o vice-presidente.

Para o líder da Oposição no Congresso e coordenador do Comitê do Impeachment, Mendonça Filho (DEM-PE), os motivos que levaram à queda de Dilma foram muitos. “Os crimes de responsabilidade, com as pedaladas fiscais, o ambiente de corrupção endêmica que tomou conta do País, o quadro de crise econômica, a impopularidade, enfim, foi o conjunto da obra que fez com que ela fosse afastada”, avaliou. Mendonça é um dos nomes cotados para compor o ministério de Michel Temer. Para ele, a saída de Dilma é um caminho sem volta. “Não acredito que ela vá apresentar uma defesa plausível e suficiente para voltar o poder após o prazo de 180 dias”, acrescentou.

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