Ao chegar ao segundo andar do Palácio do Planalto, onde Michel Temer tomaria posse como presidente em exercício, o deputado gaúcho Darcísio Perondi (PMDB) parou, olhou ao redor, abriu um sorriso, levantou os braços e disse: "Quero respirar esse oxigênio novo!"
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Como Perondi, parlamentares de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff nem lembravam mais como era circular pelo Planalto. A maioria deles não pisava ali havia 13 anos.
Com a chegada de Temer ao poder, os parlamentares sabem que essa realidade mudou. Avessa à relação política com os políticos, Dilma nunca abriu brecha para esse tipo de contato. No máximo, se relacionava com líderes partidários. Na maioria das vezes, delegava aos ministros essa tarefa, da qual não escondia sentir desprazer. Acabou vendo seu governo degringolar por não saber construir uma ponte sólida com deputados e senadores.
Temer, ao contrário, construiu sua carreira política no Congresso fazendo o oposto. Liderou a bancada do PMDB, comandou a legenda nacionalmente, presidiu a Câmara e foi, durante um tempo, articulador político do próprio governo Dilma.
Nessa quinta-feira (12), durante sua posse, deputados e senadores se acotovelavam para cumprimentar o novo presidente e comemorar o trânsito livre que passarão a ter pelos corredores do Planalto
Mudança
Era impossível não notar o clima de estranhamento nesta quinta, no Planalto, com a troca da guarda sendo feita de forma tão radical. Pela manhã, Dilma se despediu do poder. Ao seu lado, apenas uns poucos ministros e políticos petistas. Do lado de fora, integrantes de movimentos sociais gritavam palavras de ordem e hostilizavam a imprensa.
Horas depois, à tarde, chegavam os novos ocupantes do poder. A ausência de mulheres na sua equipe ministerial foi considerada um retrocesso até mesmo por aliados. O tom mais formal de seu discurso foi outra novidade. Só quebrou esse gelo quando perdeu a voz e foi socorrido por um assessor com uma pastilha, enquanto os aliados gritavam seu nome. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.