O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a negar que tenha mentido durante a audiência da CPI da Petrobras, quando afirmou não ter contas no exterior em seu nome. Segundo Cunha, a participação que tinha em um truste (tipo de negócio em que terceiros - uma entidade de trusting - passam a administrar os bens do contratante) não representa patrimônio, mas “expectativa de direito”.
Confira a sessão ao vivo:
Cunha depõe no Conselho de Ética da Câmara para se defender no processo que enfrenta por quebra de decoro parlamentar, por supostamente ter mentido, em maio de 2015, à Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, sobre a propriedade de contas na Suíça.
Logo no começo da sessão, que começou às 9h37, o deputado Laerte Bessa (PR-DF) se dirigiu a Ivan Valente (PSOL-SP) com um “cala a boca, palhaço”, quando este interrompia a fala do relator Marcos Rogério (DEM-RO). Apesar do incidente, a sessão continuou.
No início de sua fala, Cunha informou que só responderia a questões que tivessem relação com a natureza da representação. “Qualquer outra natureza que não seja a da representação já teve resposta de natureza pública por mim ou por meu advogado”, disse o deputado afastado. O argumento foi repetido quando o relator o questionou sobre outras contas trust existentes, além da que está na representação contra ele.
Em relação ao truste contido na representação, Cunha negou que represente propriedade a ser declarada em Imposto de Renda, o que, portanto, desconstruiria as argumentações de que teria ocultado patrimônio. “Não posso ocultar um patrimônio que não é de minha propriedade”, disse. “E não tenho nenhuma conta que não esteja declarada no meu Imposto de Renda”, acrescentou.
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"Não existe prova de conta. Eu não detenho conta no exterior na minha titularidade", afirmou Cunha. "Efetivamente, não há a obtenção de qualquer prova que mostre minha propriedade de conta. Eu não escondi de ninguém a existência do trust. O patrimônio não me pertence. Não sou eu o autorizado, nunca fui, a movimentá-lo. Considerar isso como conta bancária igual a qualquer uma, que você assina o cheque e saca, ou o banco assina a sua ordem, é absurdo", argumentou.
Cunha também disse que os gastos em viagens no exterior foram pagos com o cartão de crédito da sua esposa.
“Todos os gastos foram feitos com um cartão de crédito dela. Ela não é objeto dessa representação. Vossa excelência não tem um gasto, não tem cartão de crédito cuja a titularidade seja minha. Eu era apenas dependente de cartão de crédito da minha esposa”, disse Cunha ao ser quiestionado pelo relator do processo, deputado Marcos Rogério (DEM-RO).
A estratégia de Eduardo Cunha é negar que ele tenha qualquer relação com as diversas contas decobertas no exterior e atribuídas a ele. A defesa dele alega que trata-se de um truste (tipo de negócio em que terceiros – uma entidade de trusting – passam a administrar os bens do contratante) do qual ele fazia parte.
Durante o depoimento, Cunha alega que os gastos foram pagos pela esposa e que ele não pode ser responsabilizado por isso no processo que corre no Conselho. Segundo Cunha, a conta que pagou as despesas com suas viagens ao exterior era uma conta única e exclusivamente de crédito da esposa. “Não foi feita nenhuma despesa sobre a minha titularidade e eu que sou o objeto de investigação e não a minha esposa”, justificou. “Eu não posso aceitar que queira ser estendido aos familiares”, emendou.