LAVA JATO

Em áudios, Sarney afirma que delação de Odebrecht vai pegar Dilma

Novos áudios com conversas entre Sérgio Machado e Sarney foram divulgados nesta quinta-feira (26)

JC Online
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Publicado em 26/05/2016 às 13:25
Evaristo Sá/ AFP
Novos áudios com conversas entre Sérgio Machado e Sarney foram divulgados nesta quinta-feira (26) - FOTO: Evaristo Sá/ AFP
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A divulgação de diálogos gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado continuam a repercutir em Brasília. Nesta quinta-feira (26), novos áudios foram revelados pelo Jornal O Globo envolvendo a cúpula do PMDB e trazendo implicações da presidente afastada Dilma Rousseff com crimes cometidos pela construtora Odebrecht, investigada na Lava Jato. Em um dos trechos da conversa, o ex-presidente José Sarney afirma que a delação de Marcelo Odebrecht vai pegar Dilma.

“SARNEY –  A Odebrecht […] vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula. E vão pegar a Dilma. Porque foi com ele quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela. Então eles vão fazer. Porque isso tudo foi muito ruim pra eles. Com isso não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação. A oposição não vai aceitar. Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso.

MACHADO –  Inclusive com o Supremo. E disse com o Supremo, com os jornais, com todo mundo.

SARNEY  –  Supremo … Não pode abandonar.”

Em outro trecho, divulgado também nesta quinta-feira, Sarney classifica a delação dos executivos da maior empreteira do País será uma "metralhadora de calíbre ponto 100" e demonstra preocupação com o avanço das investigações até o PMDB e Machado, que já foi filiado ao PSDB e chegou a ser líder do partido no Senado.

“SARNEY – Isso tem me preocupado muito porque eu sou o único que não estive num negócio desses, sou o único que não estive envolvido em nada. Vou me envolver num negócio desse.

MACHADO – Claro que não, o que acontece é que a gente tem que me ajudar a encontrar a solução.

SARNEY – Sem dúvida.

MACHADO – No que depender de mim, nem se preocupe. Agora, eu preciso, se esse p**** me botar preso um ano, dois anos, onde é que vai parar?

SARNEY – Isso não vai acontecer. Nós não vamos deixar isso.”

No dia seguinte, segundo a reportagem da Globo, Machado conversa com Renan e manifesta também sua preocupação.

“MACHADO – O que eu quero conversar contigo… Ele não tem nada de você, nem de mim… O Janot é um filho da **** da maior, da maior.

RENAN – Eu sei. Janot e aquele cara da… Força tarefa…

MACHADO – Mas o Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês. Então o que ele quer fazer… Não encontrou nada e nem vai encontrar nada. Então, quer me desvincular de você. […] Ele acha que no Moro, o Moro vai me prender, e aí quebra a resistência, e aí f****. Então, a gente precisa ver. Andei conversando com o presidente Sarney, como a gente encontra uma… Porque, se me jogar lá embaixo, eu tou fo****.

RENAN – Isso não pode acontecer.”

Os diálogos foram gravados, em março, pelo próprio ex-presidente da Transpetro na tentativa de fechar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Nessa quarta-feira (25), o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki homologou a delação de Machado. Até o momento, foram divulgados áudios com conversas de José Sarney, Romero Jucá- culminando no pedido de afastamento do ministério do Planejamento- e Renan Calheiros; todos integrantes do PMDB.

Em nota, Sarney afirmou ao jornal que as conversas foram marcaradas por solidariedade e lamentou o vazamento de conversas privadas.

A defesa de Dilma alegou que a presidente afastada jamais pediu qualquer tipo de favor que afrontasse o princípio da moralidade pública.

 

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