Descontentamento

Dilma: impeachment é tentativa de oligarquias descontentes de assumir o poder

Dilma também fez críticas à condução da política econômica pelo governo Michel Temer

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Publicado em 07/06/2016 às 19:57
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Dilma também fez críticas à condução da política econômica pelo governo Michel Temer - FOTO: Foto: EVARISTO SA/AFP
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A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (7), que o processo de impeachment, que classifica de 'golpe', é uma tentativa de "oligarquias descontentes" de assumir o poder no Brasil. A petista faz a declaração, em encontro com intelectuais no Alvorada, no dia que foi divulgado o pedido de prisão de caciques peemedebistas feito pela Procuradoria-Geral da República.

"As oligarquias regionais no Brasil sempre foram escravistas, extremamente conservadoras e antipopulares", afirmou Dilma. Sem citar nomes, ela ponderou, contudo, que vê como positivas as mudanças de comando em Estados do Nordeste. Entre os pedidos de prisão da PGR, está um contra o ex-presidente José Sarney. A oligarquia Sarney foi pela primeira vez derrotada nas urnas no Maranhão, em 2014, quando foi eleito governador Flávio Dino (PCdoB).

Dilma também fez críticas à condução da política econômica pelo governo Michel Temer. Ela acusou o governo interino de "fazer um déficit gigantesco" - em referência à revisão da meta fiscal para um rombo de R$ 170,5 bilhões - e de a Câmara ter autorizado, com aval do governo, a criação de 14 mil cargos públicos. "É um dos maiores choques de gastos dos últimos tempos, gastos que não beneficiam o conjunto da população e eu pergunto: com que legitimidade?"

A presidente afastada afirmou que o descontentamento de "oligarquias" fica também evidente nessa condução da economia, pois, segundo ela, as crises acirram o conflito distributivo no País. "Os ricos não vão querer pagar uma parte da conta, daí esse horror, inicialmente, à CPMF", disse a petista em relação à tentativa de voltar com o imposto do cheque, ainda em seu governo.

Dilma afirmou que o ajuste proposto pelo governo interino vai gerar um "nível de retrocesso inimaginável. "(Na crise) tem que se fazer necessariamente o aumento no nível da receita. Se não aumentar a receita, a conta é paga pelos mais pobres", argumentou.

A presidente afastada voltou a dizer que impeachment é golpe e que o governo Temer não tem legitimidade, pois a seu ver o processo de impeachment é inconstitucional por ela não ter cometido crime de responsabilidade. Dilma chamou a lei de impeachment brasileira de "arcaica" e considerou "estarrecedor" que o governo "provisório" desfaça políticas de sua gestão e "desmantele" ministérios que cuidavam de questões "importantíssimas", como o ministério do Desenvolvimento Agrário

 

POLÍTICAS 

Dilma defendeu políticas de seu governo, como o regime de partilha para exploração do pré-sal que é alvo de proposta de mudança de autoria do senador licenciado José Serra (PSDB-SP) - hoje ministro de Relações Exteriores. "É uma esquizofrenia política essa de abre tudo e entrega tudo, como se o petróleo não fosse uma questão estratégica para o País."

Ela também saiu em defesa do programa Mais Médicos, ao dizer que a vinda de médicos cubanos ajuda a suprir uma demanda de profissionais, e criticou a mudança de direcionamento no Itamaraty. Segundo Dilma, é uma visão "paleolítica" se recusar a ter relações comerciais com países considerados "comunistas" ou de governos de esquerda.

, Dilma se disse otimista por ver uma mudança de postura da população brasileira em relação ao processo de impeachment. "Numa situação muito adversa que é essa do impeachment, uma coisa enche os corações de todos nós de alegria, que é essa imensa solidariedade e lucidez do povo brasileiro, que, por sua conta e risco, está invertendo o jogo."

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