O cenário é um castelo medieval encrustado no Recife, capital de Pernambuco. Em meio a uma crise sem precedentes que devasta a política brasileira, representantes dos dois lados do poder visitam a construção. Os rivais não chegaram sequer a se esbarrar pelos corredores. Nenhuma batalha com tons medievais se desenrolou. Nenhuma espada ensanguentada.
Leia Também
- Marcelo Calero, ministro da Cultura, visita Orquestra Criança Cidadã
- Dilma diz que grupo ligado a Temer quer impedir investigações sobre corrupção no Brasil
- Dilma no Recife: 'Não há pacto com governo ilegítimo... Um parasita tomou conta da democracia'
- No Recife, Dilma diz que parasita tomou conta da democracia e defende novo pacto político
- 'Todo dia nos perguntamos: quem vai cair hoje?', diz Dilma
- Acompanhe a visita de Dilma ao Recife nesta sexta-feira
- Dilma é recebida com pedidos de ''volta'' à presidência na UFPE
O Instituto Ricardo Brennand, situado no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, é o castelo que foi visitado nesta sexta-feira (17) pela presidente afastada Dilma Rousseff (PT) e pelo ministro da Cultura do presidente interino Michel Temer, Marcelo Calero. Ela estava no Recife para defender seu retorno ao trono. Ele veio à capital pernambucana para conhecer projetos bancados pelo reino provisório.
Dilma almoçou no "Castelo Brennand" depois de participar de um evento na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A presidente estava devendo a visita porque não havia conseguido passar por lá nas outras vezes em que esteve no Recife. Dilma comeu no restaurante do próprio instituto e ainda conheceu as peças - armaduras, armas brancas e esculturas, por exemplo - reunidas pelo proprietário do espaço, o colecionador Ricardo Brennand.
As garfadas no suculento prato servido no Castelo se alternaram a "garfadas" no seu inimigo íntimo Michel Temer (PMDB) em vários momentos do dia: "Não há pacto com governo ilegítimo"; "Um parasita tomou conta da democracia"; "Executaram um programa que não foi o programa aprovado nas urnas".
Marcelo Calero foi ao reino de Brennand durante a tarde, logo depois de se reunir com o vice-governador de Pernambuco, Raul Henry (PMDB), no imponente Palácio do Campo das Princesas. De lá, o ministro da Cultura seguiu para a Oficina Brennand, reino das artes plásticas, com obras de uma vida inteira de Francisco Brennand, irmão de Ricardo.
Não poupou críticas à rainha ameaçada de ser deposta. Informou um rombo de mais de R$ 1 bilhão na pasta: “Com o dinheiro que tínhamos em caixa, teríamos necessariamente que partir para o fechamento de museus até o fim do ano, e muitos editais não seriam pagos. Com o aporte financeiro de R$ 230 milhões que conseguimos, vamos dar um respiro, mas não solucionar o problema”.
Ao sair do castelo, Dilma participou de um encontro com militantes na Praça do Carmo, situada na área central da capital pernambucana, onde foi ovacionada por milhares de súditos. Depois, retornou de jatinho para Brasília, para o Palácio da Alvorada, de onde traça a estratégia para não perder a coroa.
Antes de visitar as propriedades dos Brennand, Marcelo Calero (foto abaixo) conheceu os "trovadores" da Orquestra Criança Cidadã, acompanhado pelo ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM).
Depois de quase esbarrar com Dilma, o ministro da Cultura foi ao Museu Cais do Sertão e seguiu para Caruaru, onde o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, é unanimidade, capaz de unir no mesmo ritmo até defensores e opositores de Dilma e Temer.