LAVA JATO

Chorando, Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara

Após renúncia de Eduardo Cunha, Câmara terá cinco sessões para eleger novo presidente

JC Online
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Publicado em 07/07/2016 às 13:37
Foto: Agência Câmara
Após renúncia de Eduardo Cunha, Câmara terá cinco sessões para eleger novo presidente - FOTO: Foto: Agência Câmara
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Visivelmente emocionado, o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou nesta quinta-feira (7) à presidência da Câmara Federal, após a pressão de aliados. Acusado na Operação Lava Jato e principal articulador do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), Cunha estava afastado do cargo por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Com a renúncia, o novo presidente da Câmara deve ser eleito em até cinco sessões, retirando do posto o deputado Waldir Maranhão (MA).

 

No discurso, Cunha se emocionou e falou em alguns momento com a voz embargada. Ele citou a família e criticou os ataques direcionados à mulher e à filha - acusadas de serem beneficiadas com dinheiro fruto de corrupção. “Usam minha família de forma cruel e desumana visando me atingir”, afirmou.

 

O ex-presidente disse que a pressão contra ele é resultado da atuação dele no processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Cunha foi um dos principais protagonistas do processo. “Conduzi a Câmara com protagonismo e independência”, disse. “Sem dúvida, a autorização para abertura do impeachment de um governo que, além de praticar crimes de irresponsabilidade era inoperante, foi o marco da minha gestão”, acrescentou.

A decisão de deixar o cargo definitivamente ocorreu numa reunião na noite dessa quarta-feira (6), após a divulgação do voto de Ronaldo Fonseca, que acatou apenas um dos 16 questionamentos de Cunha à tramitação do processo que recomendou a cassação do seu mandato.

Com a manobra, Cunha acredita que poderá reverter os votos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para fazer o caso voltar ao Conselho de Técica e, talvez, salvar seu mandato.

ARQUITETO DO IMPEACHMENT - Desde que o impeachment foi instaurado, o presidente da Câmara e o governo tiveram sucessivas quedas de braço em cada uma das etapas do processo. Se o peemedebista não conseguiu ver eleita a comissão especial de maioria oposicionista que ele havia articulado, ao menos garantiu um aliado, o colega Jovair Arantes (PTB-GO), na relatoria do parecer a ser julgado na Casa. Responsável por pautar o plenário, Cunha também escolheu marcar a votação para um domingo, dia que permite engrossar o protesto do lado externo do Congresso e definiu a ordem pela qual os parlamentares votariam, deixando o Nordeste, reduto político do PT, para o fim da lista.

“Como presidente da Câmara ele tem poderes muito fortes, que acabam ficando bem maiores quando ele está num contexto em que tem uma oposição muito forte querendo tirar a presidente. Ele é instrumento disso. E sabe aproveitar”, avalia o o professor Pedro Pereira Neiva, especialista em estudos legislativos da Universidade de Brasília (UnB). “Existem características pessoais do próprio Cunha que favorecem. Ele é um cara que articula muito facilmente. Outra coisa que favorece muito é o conhecimento que ele tem do regimento interno. É a regra do jogo. Saber como usá-la pode significar muito”, lembra.

TRAJETÓRIA - Eduardo Cunha é deputado federal desde 2003. Ele chegou a presidência da Casa em fevereiro 2015 derrotando Arlindo Chinaglia (PT-SP), candidato de Dilma. Em 3 de dezembro do ano passado, ele aceitou o pedido de impeachment da petista. Formado em Economia pela UCAM, do Rio de Janeiro, ele já foi filiado ao PPB, PP e PMDB. No governo Fernando Collor, ele foi nomeado para a presidência da Telerj. Também foi sub-secretário de Habitação do Rio de Janeiro e presidente da Companhia Estadual de Habitação no final dos anos 90.

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