Os partidos do Centrão atropelaram a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), e conseguiram antecipar a disputa pela presidência da Casa para a próxima terça-feira, dia 12. Inicialmente, Maranhão havia estabelecido que a data seria na quinta-feira. A mudança no calendário foi definida em reunião realizada no fim da tarde de quinta-feira (7) comandada pelo líder do governo, André Moura (PSC-SE), e o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), aliados do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Até quinta-feira (7), eram 14 candidatos a sucessão do peemedebista.
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"Ficou decidido pela maioria dos líderes que representam 280 deputados, segundo a contabilidade feita, que o processo de eleição se dará na terça-feira às 13h59min, porque já havia uma sessão convocada. Essa decisão é permitida pelo regimento da Casa e agora obviamente vamos cumprir o que foi determinado pelos líderes", afirmou Moura após a reunião.
O atropelo dos líderes tem como base o artigo 67 do regimento interno da Câmara, que prevê que uma sessão extraordinária pode ser convocada pelas lideranças partidárias que representem no mínimo 257 deputados. Na reunião que decidiu a data da eleição, havia lideranças que contabilizavam 280 parlamentares, contra 143 que votaram contra o adiantamento da eleição.
São candidatos pelo PSB Hugo Leal (RJ), Júlio Delgado (MG) e Heráclito Fortes (PI); pelo PMDB, Osmar Serraglio (PR) e Marcelo Castro (PI), pelo PSDB, Antônio Imbassahy (BA); pelo DEM, Rodrigo Maia (RJ) e José Carlos Aleluia (BA), pelo PSD, Rogério Rosso (DF); pelo PP, Esperidião Amin (SC); pelo SD, Carlos Manato (ES); pelo PRB, Beto Mansur (SP); pelo PR, Fernando Giacobo (PR) e pelo PTB, Cristiane Brasil (RJ).
Entre os nomes cotados, Rogério Rosso é um dos que mais agrada aos partidos do Centrão, por se tratar de um perfil conciliador e com capacidade de unir os partidos da base governista. Além do líder do PSD, são considerados fortes Rodrigo Maia e Fernando Giacobo, este último atual vice-presidente e que vem presidindo a maior parte das sessões plenárias no lugar de Maranhão.
A data escolhida pelos líderes coincide com a reunião da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) que analisaria o recurso de Cunha. Com a manobra, a sessão no colegiado deve ser adiada, prorrogando um desfecho para o processo do deputado afastado. Caso haja o novo adiamento, a previsão é de que a CCJ só vote o recurso do peemedebista em agosto, após o recesso Legislativo.
A decisão provocou a revolta dos partidos contrários ao peemedebista (Rede, PSDB, DEM e PSB), que se retiraram da reunião dos líderes como forma de protesto. Legendas da oposição (PT, PSOL e PC do B) não participaram do encontro.
"Estão achando que a gente é bobo. Quem é que não percebe que isso é uma manobra? Isso é evidente", afirmou o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).
Lideranças próximas de Cunha negam manobra para salvá-lo. Eles alegam que, com a renúncia, o processo da CCJ virou secundário e que o objetivo é acabar com a falta de comando na Câmara.
Planalto
Após a decisão de adiantar a eleição na Câmara, Maranhão esteve no Palácio do Planalto na noite de ontem para apelar ao presidente em exercício Michel Temer. A informação no Planalto, porém, é de que Temer não deve interferir. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.