Operação Custo Brasil

Paulo Bernardo diz à PF que não pegou propina de R$ 7,1 milhões

Ex-ministro disse que não pode responder pelas anotações do advogado Guilherme Gonçalves, que apontou o recebimento da propina por parte de Bernardo

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Publicado em 19/07/2016 às 21:43
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Ex-ministro disse que não pode responder pelas anotações do advogado Guilherme Gonçalves, que apontou o recebimento da propina por parte de Bernardo - FOTO: Foto: Agência Brasil
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Alvo da Operação Custo Brasil, o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento/Governo Lula) declarou à Polícia Federal em São Paulo nesta terça-feira (19) que não recebeu propinas de R$ 7,1 milhões do esquema Consist.

A Consist é uma empresa de software que fez acordo com entidades contratadas pelo Planejamento na gestão de Paulo Bernardo, em 2010. Cabia à Consist gerenciar o dinheiro emprestado a milhões de servidores públicos. O esquema teria desviado R$ 100 milhões de empréstimos consignados entre 2010 e 2015 por meio da cobrança de taxas altas.

Questionado sobre anotações encontradas no escritório do advogado Guilherme Gonçalves, de Curitiba, que indicam supostos repasses de valores em seu favor, Paulo Bernardo negou ter sido beneficiário. Ele sugeriu que Gonçalves pode ter ficado com o dinheiro.

O ex-ministro afirmou à PF que não teve relação com o acordo de cooperação técnica firmado por entidades com a Consist, contratada para administrar a liberação dos consignados a milhões de servidores. Mas admitiu ter tido uma reunião com as entidades para tratar do tema.

A PF insistiu sobre os registros encontrados no escritório do advogado. Paulo Bernardo disse que não pode responder pelas anotações de Guilherme Gonçalves. O ex-ministro deu a entender que Gonçalves pode ter se valido do seu nome para obter benefícios.

Paulo Bernardo foi preso na Operação Custo Brasil no dia 23 de junho, sob suspeita de recebimento de propinas de R$ 7,1 milhões do esquema de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento.

A Custo Brasil é um desdobramento da Pixuleco II que, em agosto de 2015, descobriu o esquema dos consignados. Um dos alvos da Pixuleco II, o advogado Alexandre Romano, o Chambinho, fez delação premiada e revelou os bastidores do caso Consist.

Valores obtidos ilicitamente teriam abastecido a campanha de Gleisi Hoffmann (PT/PR), mulher de Paulo Bernardo, ao Senado em 2010.

No dia 29 de junho, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar Paulo Bernardo.

A Custo Brasil investiga suposto desvio de R$ 100 milhões de empréstimos consignados no âmbito do Planejamento, desde 2010 (gestão Paulo Bernardo). Por meio de seus advogados, ele nega categoricamente ligação com o esquema Consist.

Quando Paulo Bernardo foi preso, a Procuradoria da República destacou. "O esquema permaneceu durante mais de cinco anos. Não era um esquema isolado, um ato isolado. Era um esquema permanente e estável em que havia recebimento de valores altos, valores milionários. Em alguns casos, isso não se aplica a todos, se verificou atitudes fraudulentas para induzir em erro o juízo, como por exemplo, por meio da simulação de contratos de serviços após a deflagração da Pixuleco II, em agosto de 2015. Houve atos nesse sentido de tentar simular uma prestação de serviços", declarou Andrey Borges na sexta-feira (24) após audiência de custódia de Paulo Bernardo e de outros alvos da Custo Brasil.

À saída da PF, após cerca de quatro horas de depoimento, o ex-ministro declarou a jornalistas que não tem envolvimento com a Consist. "Esse contrato não existe, o Ministério do Planejamento nunca contratou a Consist."

Segundo ele, a Consist trabalha para a Associação Brasileira de Bancos Comerciais e para o Sindicato das Entidades de Previdência Privada. "A Consist não é contratada pelo Ministério do Planejamento, é contratada por essas duas entidades que representam os bancos e as entidades que fazem empréstimos para servidores", disse o ex-ministro.

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