Manifestantes saíram às ruas do Brasil neste domingo (31) para pedir a saída definitiva da presidente afastada Dilma Rousseff, ou, em grupos menores, para defender sua permanência, em um agitado clima pré-olímpico a cinco dias do início dos Jogos Rio-2016.
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No Rio de Janeiro, cerca de 4.000 manifestantes protestaram contra a presidente no Calçadão da praia de Copacabana, constatou um jornalista da AFP, em pleno cartão postal da cidade que sediará os Jogos Olímpicos de 5 a 21 de agosto.
A Polícia Militar não forneceu números sobre a participação no protesto.
Vários caminhões de som tocavam sambas e o hino nacional, enquanto manifestantes carregavam nesse dia de sol uma faixa enorme com a mensagem "Fora Dilma e prisão para Lula", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor de Dilma e que está na mira da Justiça.
"Queremos nosso país de volta e que essa gente vá embora", declarou a advogada Vilma Moniz Portella, de 68, que levava um pequeno boneco inflável do juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação sobre a fraude na Petrobras que alcançou a elite política e empresarial do país.
O ambiente era festivo e familiar em meio à tradicional multidão que todos os domingos invade a praia carioca.
A dona de casa Daysa Barela, de 52, afirmou que a manifestação é muito menor do que as anteriores que levaram milhares de pessoas às ruas, porque "as pessoas estão assustadas com o terrorismo e porque o PT pode atacá-las".
Um dos muitos vendedores de bandeiras e de bonecos infláveis tinha um explicação muito mais provável: Lula e Dilma já estão quase fora de combate.
"Lula vai ser julgado, está acabado. E o tempo de Dilma já passou", disse Carlos Wellington, de 39, lembrando que o ex-presidente (2003-2010) e líder histórico da esquerda irá a julgamento por tentar obstruir as investigações do megaesquema de corrupção na Petrobras.
Em Brasília, cerca de 3.000 pessoas protestaram contra Dilma, informou a Polícia. Reunidas em frente à sede do Congresso Nacional, vestiam as cores verde e amarelo da bandeira brasileira e gritavam lemas contra a presidente, afastada do poder em 12 de maio para ser julgada no Senado por suspeita de manipulação das contas públicas, as chamadas "pedaladas fiscais".
Seu vice-presidente, Michel Temer, assumiu o cargo de maneira interina e pode permanecer até o fim do mandato, em 2018, se Dilma for destituída definitivamente ao término do processo de impeachment. A última etapa desse processo começa em 29 de agosto e deve durar uma semana.
As manifestações contra Dilma foram convocadas pelo grupo "Vem pra Rua" e se replicaram em várias outras cidades brasileiras, como Recife, Salvador e Belo Horizonte, onde milhares de pessoas participaram, segundo os organizadores.
Também foram registradas algumas pequenas manifestações contra Michel Temer, convocadas pela "Frente Povo sem Medo" em várias cidades do país. A Frente reúne cerca de 30 organizações de esquerda, entre eles o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), movimentos estudantis, centrais sindicais e simpatizantes do PT e do PCdoB.
Sob o lema "Fora Temer", milhares de pessoas vestidas de vermelho se reuniram na zona oeste de São Paulo para pedir o retorno de Dilma ao governo, ou ainda, a realização de novas eleições.
"É verdade que o PT não está em seu melhor momento. Em todos os partidos tem corrupção. Mas o governo Temer é até pior", avaliou a aposentada Eunice Mariano, de 61, que considera o governo interino ilegítimo, acusando-o de querer implantar retrocessos, sobretudo, na área social.
"Já estamos vendo como perdemos nossos direitos", denunciou.