Brasília

De 'hospício' a 'cracolândia'. Veja absurdos ditos nos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment

Bate-bocas entre os que são contrários e favoráveis ao impedimento da presidente foram frequentes nas sessões

JC Online
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Publicado em 26/08/2016 às 20:44
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasi
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Os dois primeiros dias de julgamento final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), em Brasília, foram marcados por discussões acaloradas entre os que são contrários e favoráveis à saída da petista. Para se ter uma noção do nível dos bate-bocas, termos como "cracolândia", "burrice infinita", "baixaria" e "hospício" foram usados pelos envolvidos nas confusões, que resultaram em várias interrupções das sessões.

O julgamento foi inciado às 9h32 da última quinta-feira (25). Após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, fazer uma leitura sobre o papel de juízes que os senadores irão desempenhar no processo, o magistrado abriu espaço para as questões de ordem. Uma dessas questões foi levantada pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), que solicitou a suspensão do processo afirmando que as contas de 2015 do governo Dilma ainda não foram analisadas pelo Congresso. O ministro negou a solicitação.

No final da manhã, quando a senadora Gleisi Hoffmann (PT) disse que "metade do Senado" não tem moral para julgar a presidente, os ânimos se exaltaram e uma discussão generalizada tomou o plenário. Ronaldo Caiado (DEM) foi o primeiro a responder à provocação. Ironicamente, o senador disse que ele e os outros parlamentares não eram "assaltantes de aposentados". Caiado se referia à prisão do ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, marido de Gleise. Ele é acusado de fazer parte de um esquema que teria desviado R$ 100 milhões de funcionários públicos que fizeram empréstimos consignados.

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A senadora rebateu. "É (assaltante) de trabalhador escravo", cravou. Gleise referia-se ao fato de Caiado ser produtor rural em Goiás. Lindbergh Farias (PT) entrou na confusão e acusou o senador de estar envolvido com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso por comandar uma quadrilha que explora jogos de azar em Goiás. "Sua ligação é com o Carlinhos Cachoeira", gritou o petista. "Tem que fazer antidoping. Fica aqui cheirando, não", retrucou Caiado.

Tentando acalmar os ânimos, Lewandowski interrompeu a sessão por aproximadamente cinco minutos. Quando ela foi retomada, Gleide concluiu sua fala dizendo que os senadores não tinham moral para julgar a presidente Dilma.

Nesta sexta-feira (26), o advogado de defesa de Dilma, o ex-ministro José Eduardo Cardozo, decidiu que abriria mão do depoimento da ex-secretária de Orçamento Federal Esther Dweck e pediu para que ela não fosse exposta "à vingança" dos senadores da base do presidente interino Michel Temer (PMDB). Segundo Cardozo, os senadores estariam irritados porque Lewandowski impugnou uma das testemunhas de acusação.

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DÉJÀ VU

Retomando a confusão de ontem, Caiado afirmou que Gleise teria "aliciado" Esther, o que deixou Lindbergh Farias chateado. O petista foi ao microfone e afirmou que Caiado é "um desqualificado". "É pior que Beira-Mar. Tem mais de 30 processos no Supremo Tribunal Federal", retrucou o democrata.

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasi
Senadores discutiram em vários momentos dos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasi
Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado
Senadores discutiram em vários momentos dos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment - Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado
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Senadores discutiram em vários momentos dos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment - Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado
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Senadores discutiram em vários momentos dos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment - Foto: Edilson Rodrigues/ Agência Senado
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasi
Senadores discutiram em vários momentos dos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasi
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Senadores discutiram em vários momentos dos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasi
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Senadores discutiram em vários momentos dos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasi
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Senadores discutiram em vários momentos dos dois primeiros dias do julgamento final do impeachment - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasi

 

Farias devolveu: "Cachoeira é quem sabe de sua vida". Fora do microfone, Caiado fez outra acusação: "Tem uma cracolândia no seu gabinete". Ricardo Lewandowski suspendeu a sessão, desligou os microfones e afirmou que usaria seu poder de polícia para exigir respeito dos parlamentares.

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Depois que o ministro suspendeu a sessão, Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, pediu a palavra. O senador afirmou que o julgamento estava sendo realizado "em um hospício" e que fica triste porque a sessão é uma demonstração de que "a burrice é infinita".

Calheiros ainda lembrou quando Gleise falou que o Senado não tinha moral para julgar a presidente e disse que isso era "o cúmulo". "Uma senadora que há 30 dias o presidente do Senado conseguiu no STF desfazer o seu indiciamento e do seu esposo", comentou. A partir daí, novo bate-boca, desta vez com vários gritos de "baixaria" e "não é verdade". E ainda tem muita água para rolar.

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