No dia seguinte à tentativa de votação de uma proposta que na prática anistiava o caixa dois em campanha eleitoral, parlamentares usaram a tribuna da Câmara para criticar a manobra e acusar líderes dos principais partidos de costurar um "jabuti" às escondidas. Eles cobraram a identificação do autor da proposta que seria posta em votação nessa segunda-feira (19) já que até o momento ninguém assumiu a responsabilidade sobre a emenda que seria incluída numa proposta engavetada desde 2007 na Casa. "Ninguém quer ser pai de filho feio", resumiu o deputado Marcos Rogério (DEM-RO).
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O deputado Hildo Rocha (PMDB-MA) acusou os líderes dos grandes partidos de enganar os parlamentares e incluir na pauta de votações uma matéria não prevista. "Não vejo a posição de líderes aqui que fizeram toda essa encenação para nos usar", reclamou. O peemedebista chamou a tentativa de votação de "trama" para anistiar os envolvidos na Operação Lava Jato e "atentado contra a moral". "A sociedade quer saber qual é a digital que está ali", exigiu.
Desonestidade
Na mesma linha de Rocha, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que a proposta incluída na pauta na noite anterior foi construída "debaixo dos panos". "Isso é indecente e desonesto", enfatizou. "O episódio de ontem tem de ser repudiado. Não podemos sair dos nossos Estados para votar matérias importantes e sermos surpreendidos com uma verdadeira armação, sem ninguém com hombridade para assumir essa matéria", emendou Domingos Sávio (PSDB-MG).
Ex-relator do processo de cassação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Marcos Rogério disse ser favorável à criminalização do caixa dois, mas ponderou que não se pode improvisar uma mudança tão profunda que produza "efeitos devastadores".
Incomodado com a pressa de se pôr em votação uma proposta que até agora não é conhecida da maioria dos parlamentares, o deputado pregou a votação de um texto que dê segurança jurídica e solucione as lacunas da legislação, mas que não dê anistia geral. "Fizeram uma emenda no porão, às escondidas, e queriam que o plenário aceitasse", concluiu.