O delegado da Polícia Federal, Filipe Hille Pace, da força tarefa da Lava Jato, disse que, a partir de 2008, quando constam os primeiros pagamentos da planilha nomeada "italiano", que se refere ao ex-ministro Antonio Palocci, segundo a PF, "é razoável concluir que Palocci tenha papel maior que Dirceu" no esquema de propinas. As declarações foram dadas durante coletiva de imprensa sobre a 35ª fase da operação Lava Jato, nomeada Omertà.
Leia Também
- Palocci deixa sede da PF em São Paulo em direção ao aeroporto de Congonhas
- Palocci recebeu R$ 128 milhões, diz procuradora-geral
- 'Suborno' a Palocci teria envolvido terreno para Instituto Lula, aponta MP
- 'Não restam dúvidas que Palocci é maior que Dirceu' diz delegado da PF
- Para líder do PSDB na Câmara, prisão de Palocci constrange Lula
- Advogado de Palocci diz que prisão ocorreu 'estilo ditadura militar'
- Palocci, preso nesta segunda, também é investigado por propinas em Belo Monte
- Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci, também foi preso
- Ex-ministro Antonio Palocci é preso na Operação Lava Jato
- Advogado de Palocci assume defesa de Lula
- Odebrecht quer Dilma, Mantega e Palocci como suas testemunhas
- STF rejeita recurso de Palocci para anular delações da Lava Jato
- 'Nova moeda de troca é a mentira', diz advogado de Palocci
- Parecer de Janot rejeita recurso de Palocci contra delação da Lava Jato
- Ex-assessor nega relação com Palocci e R$ 2 mi para campanha de Dilma
- Delator entrega registro de hotel para comprovar reunião com Palocci
- Bumlai nega à PF ter buscado apoio de Palocci para ex-diretor da Petrobras
- Palocci vai pedir anulação das delações premiadas de doleiro e de lobista
- Amigo de Lula intermediou encontro com Palocci, diz lobista
- Governo se articula e salva Palocci na CPI do BNDES
A procuradora da República, Laura Tesler, complementou que a investigação é bastante dinâmica e que não dá para dizer que já se chegou ao topo do esquema de propinas na Petrobras. "A cada dia temos mais informações, certamente outros personagens vão aparecer, é muito cedo para dizer que chegamos aos maiores chefes do esquema", afirmou.
Sobre os desdobramentos da operação, o delegado comentou que Palocci já é investigado em processos específicos e que, no momento, o foco é a relação do ex-ministro com a Odebrecht. "A dimensão dos fatos criminosos entre Palocci e Odebrecht é o nosso foco no momento", disse o delegado. O delegado ainda lembrou que as interferências não se resumem à Petrobras. "Desvendou-se hoje uma atuação bem forte e duradoura do Palocci em interferências na Petrobras e em outras esferas da administração pública federal."
Pace ainda afirmou que a empresa do ex-assessor de Palocci, Juscelino Dourado, pode ter sido usada para pagamentos ilícitos. "A empresa existia apenas no papel." Segundo o delegado, o endereço da empresa era o mesmo da residência de Dourado e, analisando as transações bancárias, observou-se recebimento de valores do pecuarista José Carlos Bumlai e do ex-presidente da Odebrecht, antes de Marcelo Odebrecht, Pedro Novis.
R$ 60 milhões
O delegado da Polícia Federal disse que não se sabe qual foi o destino de uma quantia de mais de R$ 60 milhões em propinas. Pace explicou que um dos motivos que sustentam a prisão temporária do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci, principal alvo da operação desta segunda, é rastrear esse dinheiro. O valor teria sido pago em espécie para Palocci e outros agentes, não identificados pelo delegados.
Ele explicou que as transferências bancárias investigadas no âmbito da operação desta segunda foram realizadas apenas na conta da empresa Shell Bill, que pertence ao casal de marqueteiros João e Mônica Santana.
Pace ainda destacou que a prisão temporária se justifica pelos crimes que Palocci cometeu a favor de si mesmo e de seu grupo político, o PT. "Mesmo fora de qualquer cargo, Palocci continuava a intermediar valores do governo federal." Ele ainda salientou que o crime de corrupção não pede comprovação de recebimento de propinas. "O fato de pedir vantagens ilícitas já configura crime", explicou.
Já o delegado Igor Romário de Paula negou que as investigações tenham qualquer relação com o período eleitoral. "A investigação é pautada nos fatos, não tem nada a ver com a eleição. A investigação tem seu próprio tempo", afirmou.