Um dia após as eleições municipais no Brasil, Michel Temer desembarca nesta segunda-feira (3) na Argentina, para a primeira visita ao país desde que assumiu a presidência, no lugar de Dilma Rousseff, no ultimo dia 31 de agosto. Ele estará acompanhado por quatro ministros: das Relações Exteriores; do Desenvolvimento, da Indústria e do Comercio Exterior; da Justiça e da Defesa. Depois de um almoço com o presidente Mauricio Macri, Temer irá ao Paraguai, onde jantará com o presidente Horácio Cartes.
Leia Também
- Temer e Macri acertam rumo liberal entre maiores sócios do Mercosul
- Temer deve abordar ajuda ao setor automotivo em visita à Argentina
- Estudantes usam Facebook para convocar protesto contra Temer
- Base de Temer trava 'guerra silenciosa'
- Presidente Michel Temer vota em São Paulo
- Temer altera agenda e embarca para Brasília
Além de serem sócios do Brasil no Mercosul, a Argentina e o Paraguai foram os primeiros países a reconhecer o seu governo. Com Macri e Cartes, Temer deve falar da retomada do crescimento econômico na região e do combate ao narcotráfico e ao contrabando na Tríplice Fronteira.
Outro tema deve ser a Venezuela: os governos brasileiro, argentino e paraguaio se juntaram para impedir que os venezuelanos assumissem a presidência pro-tempore do Mercosul, que é rotativa e segue a ordem alfabética. Eles alegam que o país – o último a aderir ao bloco regional – não cumpriu os requisitos para tornar-se membro pleno, entre eles a incorporação de um protocolo de defesa dos direitos humanos.
O Uruguai, quarto país fundador do Mercosul, manteve posição neutra, até porque o partido de esquerda do presidente Tabaré Vasquez está dividido: metade considera que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe e critica o que considera ser um “avanço” da direita na América do Sul. Mas o governo uruguaio acabou assinando um documento que estende até o dia 1º de dezembro o prazo para que a Venezuela regularize sua situação, se não quiser ser suspensa do Mercosul.
Entrevista
Às vésperas de sua chegada à Argentina, Temer deu uma entrevista aos principais jornais argentinos,. Ele disse que não tem uma “preocupação eleitoral”, nem com seu índice de popularidade de apenas 13%. “Se eu chegar ao final do meu governo com 5% de popularidade, mas tendo conseguido colocar o país nos trilhos, me dou por satisfeito”, disse. Também deixou claro que o mais importante agora é obter o apoio do Congresso para aprovar as medidas econômicas necessárias. Segundo Temer, Macri e ele concordam em muitas questões.
Macri, como Temer, também diz que quer colocar a Argentina nos trilhos, reduzindo a inflação anual de dois dígitos e combatendo a fome. As estatísticas divulgadas recentemente mostram que 32% dos argentinos vivem abaixo da linha da pobreza e 6% são indigentes.
Protestos
Brasileiros e simpatizantes da ex-presidente Cristina Kircher (antecessora de Macri) planejam protestos contra a chegada de Temer. Em princípio, iriam se reunir na Praça de Maio – em frente à Casa Rosada (o palácio presidencial). Mas, ao saber que o encontro será na residência do presidente em Olivos (a 17 quilômetros do centro), um grupo prometeu deslocar-se até lá para se manifestar.