O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi ouvido como testemunha, neste sábado (22) em Fortaleza, na ação de investigação eleitoral, movida pelo PSDB, que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, eleita em 2014. Machado saiu sem dar entrevistas. De acordo com os advogados das partes interessadas que acompanharam o depoimento, o ex-presidente da Transpetro reafirmou o que havia delatado na Operação Lava Jato.
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Segundo o advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, Machado reiterou desconhecer pagamentos para a campanha presidencial de 2014. "Nenhuma referência a 2014 e nenhuma novidade àquilo que ele disse no termo de delação premiada", disse Guedes, afirmando que a defesa de Temer trabalha, portanto, com a improcedência do processo.
"Essas audiências - já passaram de uma dezena -, elas têm reforçado que não houve contaminação nas eleições de 2014. Então, a defesa do presidente Temer trabalha com a improcedência pela ausência de qualquer ilegalidade", disse Guedes.
O advogado do PSDB, José Eduardo Alckmin, afirmou que, embora, Machado tenha dito nada saber sobre a campanha de 2014, reafirmou a existência de corrupção endêmica dentro da Petrobras e da Transpetro no sentido de amealhar recursos para políticos em campanhas.
"Esta é a tese que o PSDB sustenta desde o início: de que o dinheiro desviado da Petrobras - o que já está sendo comprovado pela operação Lava Jato - foi, em grande parte, para bancar campanhas políticas. Mesmo em 2014, porque não se tem como fazer uma coisa estanque. O dinheiro entra para o partido", argumentou Eduardo Alckmin.
De acordo com Flávio Caetano, advogado da presidente cassada, Dilma Rousseff, o depoimento de Machado confirma a tese de que a campanha foi regular e que não há nada a ser impugnado pela Justiça Eleitoral. "Esta é a 26ª testemunha de acusação que não tem relação nenhuma com o processo. Portanto, isso ajuda na tese de que a campanha foi regular. Portanto, não há nada a ser impugnado pela Justiça Eleitoral", sustentou.
Caetano explicou que, embora Temer e Dilma tenham representantes legais distintos, a linha de defesa foi feita em conjunto. "Tanto Dilma como Temer sustentam a regularidade da campanha. Uma campanha que foi feita com presidente e com vice, porque não existe presidente sem vice, assim como vice sem presidente", comentou.
Segundo ele, no depoimento, Machado confirmou que houve pagamento de propina para Aécio Neves, quando ele foi candidato a presidente da Câmara dos Deputados em 1999-2000. "(Machado) Reconheceu que também pagou doações irregulares a Sérgio Guerra (já falecido), que era presidente do PSDB em 2010. Também doações irregulares ao deputado Heráclito Fortes, ao senador Agripino Maia. E também disse sobre uma contribuição muito grande ao PMDB, principalmente, ao senador Romero Jucá, com doações irregulares", disse Caetano. Com relação ao presidente Temer, o advogado de Dilma disse que Machado mencionou, no depoimento, doação ao então candidato a prefeito de São Paulo, em 2012, Gabriel Chalita.
PROTESTO
O depoimento foi dado ao ministro corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Herman Benjamin, na sede do TRE cearense. Sérgio Machado, que cumpre pena domiciliar, em Fortaleza, pela operação Lava Jato, chegou às 11h48 (horário local), em carro particular
Em frente ao tribunal, pessoas lideradas pelo vereador Robert Burns (PTC) portavam faixas pedindo eleições diretas para presidente do Brasil. O grupo era acompanhado por policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Guardas municipais isolaram a área, proibindo a passagem de carros não oficiais.