A Polícia Civil, no Distrito Federal, fez buscas nas celas onde estão presos o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o ex-senador Luiz Estevão, na Penitenciária da Papuda, em Brasília, no âmbito da Operação Bastilha. A ação foi aberta na tarde de domingo (17) e os agentes apreenderam pendrives e chocolates, atribuídos a Estevão, e anotações que seriam de Geddel.
Estevão foi condenado a 26 anos de reclusão por desvios de recursos públicos nas obras do Fórum Trabalhista de São Paulo. Geddel foi preso no ano passado depois que a Polícia Federal descobriu um bunker atribuído a ele, em Salvador, com R$ 51 milhões em dinheiro vivo.
As investigações sobre supostas regalias na Papuda começaram há quatro meses. "A Operação foi desencadeada ontem (domingo, 17) logo após o início do segundo tempo do Brasil e Suíça, na Copa", relatou o delegado Fernando Cesar Costa. "Não houve qualquer situação mais constrangedora além do cumprimento da medida."
O delegado Thiago Boeing afirmou que "chamou atenção" Luiz Estevão estar em uma cela com apenas mais um preso, o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil/Governo Lula). "Na ala dele (Luiz Estevão), em média, tem sete presos em uma cela. A cela dele, além de ser uma cela um pouquinho maior do que as outras, tem somente duas pessoas", disse.
Boeing contou que "assim que os policiais chegaram na cela do Luiz Estevão foi determinado que se retirasse". "Ele pediu para ir ao banheiro, estava com algum objeto na mão. Não foi autorizado. Ele saiu com a mão na cabeça e tentou se desfazer de cinco pendrives que estavam na mão dele, mini pendrives, bem pequenos. O policial o visualizou jogando no chão e apreendeu esse objetos", relatou.
"Posteriormente a retirada dele da cela, também foram localizados alguns gêneros alimentícios, dentre eles chocolates e cereais, que vão ser verificados junto à Vara de Execução Penal se é autorizado ou não a presença desses objetos na cela, bem como uma tesoura, que é objeto proibido dentro do presídio. Foi apreendido, além de diversas anotações."
O delegado afirmou que na biblioteca da ala de Luiz Estevão havia "diversos documentos relacionados a ele, diversas pastas". "A biblioteca mais parecia um escritório dele do que de uma área de uso comum dos outros presos", disse. "São diversos documentos separados por pastas, de temas de interesse dele e das empresas. Diversos documentos, umas quatro pilhas. Vão ser analisados."
Segundo Boeing , "na cela do Geddel foram localizadas somente anotações diversas que vão ser analisadas".
O delegado Maurílio Coelho relatou que Estevão foi chamado para explicar os objetos encontrados em sua cela. "Ele estava bem tranquilo, justificou que aqueles objetos sempre estiveram ali".
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Defesas
O criminalista Marcelo Bessa, defensor do ex-senador Luiz Estevão, disse que ainda não teve acesso aos autos da Operação Bastilha. Bessa esclareceu que também não teve contato pessoal com o ex-senador. "Não consegui acesso aos autos da investigação e sequer pude conversar pessoalmente com o meu cliente. Assim, no momento, nada tenho a declarar."