MOVIMENTAÇÕES BANCÁRIAS

Flávio Bolsonaro comprou dois imóveis por R$ 4,2 milhões em três anos

O período das aquisições coincide com as datas das movimentações atípicas detectadas pela Coaf

JC Online
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Publicado em 21/01/2019 às 8:01
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O período das aquisições coincide com as datas das movimentações atípicas detectadas pela Coaf - FOTO: Foto: Agência Brasil
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O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) registrou a aquisição de dois apartamentos entre 2014 e 2017, ambos em bairros nobres do Rio de Janeiro, ao custo informado de R$ 4,2 milhões, de acordo com informações da Folha de S. Paulo. O valor declarado pelos compradores e vendedores em parte das transições seria menor do que o utilizado pela prefeitura para a cobrança de impostos.

O período da aquisição coincide com o período no qual a Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) detectou as movimentações atípicas. No intervalo de tempo, foi detectada a movimentação de R$ 7 milhões nas contas de Fabrício Queiroz, ex-assessor e motorista do filho do presidente Jair Bolsonaro. Queiroz é investigado por lavagem de dinheiro, sob suspeita de participação em um esquema ilegal de arrecadação dos salários de servidores do gabinete.

Em outro relatório da Coaf divulgado pelo Jornal Nacional, da TV Globo, na conta de Flávio foi identificado um pagamento de R$ 1.016.839 de um título bancário da Caixa, cuja data exata e beneficiário não teriam sido identificados pelo órgão.

Em junho de 2017, segundo documentos obtidos pela Folha de S. Paulo, Flávio registrou a quitação de uma dívida com a Caixa no valor aproximado de R$ 1 milhão para a aquisição de um dos apartamentos que comprou, no bairro das Laranjeiras. De acordo com informações cartoriais, Flávio comprou o imóvel na planta, por valor declarado de R$ 1,753 milhão.

O então deputado estadual e hoje senador eleito se desfez do imóvel ainda no mesmo ano, por meio de uma permuta, recebendo em troca uma sala comercial na Barra da Tijuca e um apartamento na Urca, além de R$ 600 mil em dinheiro. Desse valor, R$ 50 mil teria sido pago em cheque e R$ 550 mil sem descrição quanto a forma de pagamento. Na escritura, o imóvel dado por ele tinha passado a valer R$ 2,4 milhões. O novo bem na Urca teve valor registrado de R$ 1,5 milhão, e foi vendido em maio de 2018.

Explicação

Em entrevista à Record, neste domingo (20), Flávio Bolsonaro afirmou que o pagamento do título bancário se refere à negociação imobiliária. Ele disse ainda que a parte recebida em dinheiro vivo explica o valor de R$ 96 mil fracionado em 48 depósitos de R$ 2 mil feitos na sua conta em um período de cinco dias através do autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). O filho do presidente justificou que os depósitos foram feitos dessa forma pois o limite aceito no caixa eletrônico era de R$ 2 mil.

Ele levou papéis, mas não quis mostrá-los, afirmando que a imprensa não é o foro adequado para esse tipo de esclarecimento.
Ainda entre 2014 e 2017, Flávio adquiriu o outro apartamento pelo valor de R$ 2,55 milhões, na Barra da Tijuca. Para a compra, também foi feito uma espécie de empréstimo, dessa vez com o Itaú, único banco no qual o senador eleito tem conta declarada, pelo valor de R$ 1,074 milhão.

No mesmo período, ele vendeu dois imóveis, um em Copacabana e outro também na Urca, pelo valor somado de R$ 2 milhões. Nos registros cartoriais está também o nome da mulher de Flávio, Fernanda Antunes Figueira.

Rendimentos de Flávio Bolsonaro

O salário de deputado estadual do Rio, cargo até então ocupado por Flávio, é de R$ 25,3 mil. À Record, o senador eleito afirmou que o salário é a menor parte dos seus rendimentos, e que o maior volume viria da sua atividade empresarial, que não foi especificada.

Em janeiro de 2018, a Folha de S. Paulo divulgou que o presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos multiplicaram o patrimônio na política. Até a data da reportagem, eles eram donos de 13 imóveis com preço de mercado de ao menos R$ 15 milhões, a maioria em bairros caros do Rio de Janeiro. Além disso, até então, Flávio Bolsonaro havia negociado ao menos 19 imóveis nos últimos 13 anos.

A maior parte são 12 salas do prédio comercial Barra Prime. Todas foram vendidas para a empresa MCA Participações, que tem entre os sócios uma firma do Panamá. As salas foram adquiridas em novembro de 2010, 45 dias depois de o então deputado ter comprado 7 das 12.

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