Atualizada às 09h42
Uma semana após os protestos de estudantes e docentes por conta do contingenciamento na educação, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) encara, pela primeira vez, uma avaliação negativa maior do que a positiva. Em pesquisa realizada pela XP/Ipespe, nos dias 20 e 21 de maio, os que achavam o governo Bolsonaro como bom e ótimo ficou em 34% (estava em 35%), enquanto os que avaliavam a gestão como ruim ou péssima ficou em 36% (estava em 31% antes). A margem de erro da pesquisa é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos. Foram 1000 entrevistas realizadas.
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Os que avaliaram o governo como regular ficaram em 26%, antes eram 31%. Já o que não souberam ou não quiseram opinar ficaram em 4%.
O crescimento da desaprovação ao governo Bolsonaro coincide com as manifestações que levaram milhares às ruas em cidades de todas as unidades da federação contra o contingenciamento de cerca de 30% sobre o orçamento discricionário do Ministério da Educação, no último dia 15. Segundo o levantamento, 57% disseram que os atos de 15 de maio foram importantes, contra 38% que não viram relevância nos movimentos. Para 86%, provavelmente as manifestações se repetirão. Outros 11% discordam.
Apesar da má notícia para o capitão reformado, os vilões na ótica da maioria continuam sendo os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 31%, e Dilma Rousseff (PT), 18%. Um alento para o bolsonarismo e uma indicação de que a aposta no antagonismo com o petismo, embora insuficiente para construir maioria para governar, pode ao menos mitigar danos presentes.
Bolsonaro em PE e protestos
A chegada do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao Recife, nesta sexta-feira (24), será marcada por protestos de estudantes, técnicos e professores das universidades federais do Estado. Insatisfeitos com os cortes anunciados pelo Ministério da Educação (MEC) e a proposta da reforma da Previdência defendida pelo Governo Federal, os estudantes pretendem entregar uma carta aberta ao presidente.
De acordo com os organizadores, dentre eles a União Nacional dos Estudantes (UNE), em Pernambuco, a expectativa é de que 300 pessoas participem do ato, com concentração marcada às 9h, na Editora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), embora no Facebook já havia 1,7 mil pessoas confirmadas no evento #NoNordesteNão.
Os movimentos Direita Pernambuco, MBL e Vem pra Rua, também afirmaram que não tinham atos programados para recepcionar o presidente Jair Bolsonaro. "Não vamos ter nenhuma ação para o dia, sabemos que ele não teria disposição por ser uma visita institucional. Mas vemos como um resultado bom ele estar vindo fazer diálogo com os governadores, lançar um programa em Petrolina e aumentar investimentos na região", avalia Mateus Henrique, presidente do Direita Pernambuco.
A agenda apertada talvez não permita ao capitão reformado visitar o Museu de Armas Brancas no IRB, que tem um acervo de 3 mil facas, espadas, canivetes, estiletes e armaduras. É que logo depois do encontro com os governadores, Bolsonaro segue para Petrolina (Sertão) onde vai participar, às 14h30, da cerimônia de inauguração do Residencial Morada Nova, um conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida com 472 unidades.
Governadores
Com um discurso alinhado, os governadores nordestinos vão colocar na mesa a necessidade de concluir obras de infraestrutura que se arrastam, além de atrair novos investimentos e estruturar o futuro da região que, na avaliação deles, está baseado na educação. O governador Paulo Câmara (PSB) destaca a necessidade de diálogo entre os gestores da região para garantir conquistas. “Acabamos de fazer um consórcio regional para facilitar a compra de medicamentos para equacionar o desabastecimento e evitar prejuízo a vida das pessoas”, diz o socialista.
Na avaliação do governador do Ceará, Camilo Santana (PT), é preciso concluir obras que permitem uma integração regional, como os investimentos complementares da Transposição do São Francisco e uma definição sobre como fica a Transnordestina. “O plano regional é importante para evitar que cada Estado faça ações pontuais ao invés de pensar em projetos estruturantes que possam ajudar a todo o Nordeste brasileiro”, defende, listando as intervenções em rodovias, investimentos em logística, ferrovia e recursos hídricos.
O governo baiano aposta na retomada dos investimentos. “A nossa principal reivindicação é que finalmente possamos ver retomados os investimentos no Nordeste. Há um instrumento da Sudene, o Fundo de Incentivo ao Financiamento a Infraestrutura do Nordeste, que inclui apoio a empresas que queiram se instalar na região, além de financiamento para obras estruturais”, observa o governador Rui Costa (PT).