Pesquisa feita pelo Datafolha e publicada neste sábado (6), aponta que 58% dos brasileiros consideraram inadequadas as supostas conversas vazadas entre Sérgio Moro, então juiz da Operação Lava Jato, e procuradores da força-tarefa. Já os que viram as mensagens como adequadas são 31%. Os que não souberam opinar representam 11% dos entrevistados.
Apesar disso, 55% dos entrevistados não acham que Moro deveria deixar o cargo de ministro da Justiça, posto que assumiu no início deste ano após convite do presidente Jair Bolsonaro, que venceu eleição no ano passado derrotando no segundo turno o petista Fernando Haddad, apoiado pelo ex-presidente Lula. Outros 38% concordam que Moro deveria renunciar. Os que não sabem são 7%. A avaliação de Moro como ministro caiu de 59% em abril para 52% nesta pesquisa.
Segundo os dados divulgados em reportagem do jornal Folha de S.Paulo, quanto menor a faixa de renda dos entrevistados, maior o índice de reprovação às conversas. Os mais jovens também são os que mais reprovam as mensagens vazadas. Por região, a rejeição é maior no Nordeste (56%), seguido por Centro-Oeste e Norte (44%), Sudeste (35%) e Sul (33%).
O levantamento indica também que, se as conversas forem comprovadas, 59% das pessoas concordam que o conteúdo é grave e as decisões de Moro como juiz dos casos da operação devem ser revistas. Outros 30% acreditam que as conversas não têm importância diante dos resultados da Lava Jato no combate à corrupção, enquanto 11% não souberam opinar.
Contudo, a maioria dos brasileiros (54%) é a favor da punição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, que faz parte dos processos da Lava Jato. A prisão é vista como injusta por 40%. Os que não souberam opinar são 6%.
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Vazamento
As supostas conversas têm sido vazadas em uma série de reportagens produzidas pelo site The Intercept Brasil, do jornalista Glenn Greenwald, que se tornou conhecido internacionalmente por reportagens sobre o programa global de espionagem do governo norte-americano.
Nas mensagens, Moro teria orientado o trabalho dos procuradores da Lava Jato, indicando um conluio entre juiz e acusação. Moro nega o conluio e afirma não ter como confirmar a autenticidade das mensagens, por não se lembrar de conversas ocorridas há anos e porque, mesmo que sejam verdadeiras, já teriam sido apagadas.
Bolsonaro tem dado apoio a Moro e disse nesta sexta-feira, 5, que pretende assistir no domingo à final da Copa América, entre Brasil e Peru, no Maracanã, ao lado do titular da Justiça e Segurança Pública. "E o povo vai dizer se nós estamos certos ou não", disse o presidente.