VAZAMENTO

The Intercept divulga áudio sobre Lula atribuído a Deltan Dallagnol

Mensagem de áudio comemora veto de ministro do STF ao pedido da Folha para entrevistar Lula

JC Online
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Publicado em 09/07/2019 às 18:08
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Mensagem de áudio comemora veto de ministro do STF ao pedido da Folha para entrevistar Lula - FOTO: Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
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O The Intercept Brasil divulgou, na tarde desta terça-feira (9), um áudio que diz ter sido enviado pelo coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol a outros colegas procuradores, comemorando um veto de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ao pedido da Folha de S.Paulo para entrevistar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

"Caros, o Fux deu uma liminar suspendendo a decisão do Lewandowski que autorizava a entrevista, dizendo que vai ter que esperar a decisão do plenário. Agora, não vamos alardear isso aí, não vamos falar para ninguém. Vamos ficar quietos para evitar a divulgação o quanto for possível porque quanto antes divulgar isso, antes vai ter recurso do outro lado, antes isso aí vai para o plenário. O pessoal pediu para a gente não comentar publicamente e deixar que a notícia surja por outros canais para evitar precipitar recurso de quem tem posição contrária à nossa. Mas a notícia é boa para terminar bem a semana depois de tantas coisas ruins", diz a mensagem de áudio atribuída ao procurador. Segundo o site, o áudio foi enviado por Dallagnol em um grupo chamado Filhos do Januário 3, no aplicativo Telegram, em 28 de setembro de 2018. 

No dia 4 de julho, segundo O Globo, o procurador informou à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados que não iria aceitar o convite para falar sobre as mensagens atribuídas a ele. Deltan disse que irá "concentrar na esfera técnica" suas manifestações sobre o caso.

Veto a entrevista

Em 28 de setembro de 2018, o ministro Ricardo Lewandowski autorizou  o ex-presidente a conceder entrevistas da carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba. A decisão do ministro foi proferida após reclamação ao STF feita pela jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, e pelo jornalista Florestan Fernandes. Eles contestaram decisão da juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, que em agosto havia negado o acesso da imprensa a Lula.

Durante a noite, o ministro Luiz Fux suspendeu a liminar concedida hora antes por Lewandowski. O pedido de suspensão da liminar que autorizava a entrevista foi ajuizado pelo Partido Novo, sob a argumentação de que afrontaria o princípio republicano e a legitimidade das eleições. Ainda segundo as argumentações apresentadas pelo partido, citadas na decisão de Fux, “a liberdade de imprensa deve ser ponderada em face da liberdade do voto". Na decisão em que indeferiu a liminar do ministro Lewandowski, Fux remeteu o caso ao plenário, para que aprecie a matéria de forma definitiva. 

Em abril deste ano, Lula concedeu sua primeira entrevista desde que foi preso à Folha e também ao El País.

Divulgação de mensagens

O The Intercept começou a divulgar há um mês mensagens atribuídas a procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato e ao ex-juiz Sergio Moro. 

De acordo com o site, as conversas fazem parte de um lote de arquivos secretos enviados por uma fonte anônima. “O único papel do Intercept foi receber o material da fonte, que nos informou que já havia obtido todas as informações e estava ansioso para repassá-las a jornalistas”, diz o site em uma das suas primeiras reportagens.

Em uma das publicações, há críticas ao então juiz Moro atribuídas a procuradores do Ministério Público Federal (MPF). Em conversa no dia 1º de novembro de 2018, pelo aplicativo Telegram, segundo o Intercept, a procuradora Monique Cheker teria dito que Moro “viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”.

Em outra conversa, de acordo com o site, o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, na época em que era juiz federal, teria orientado integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato a divulgar informações sigilosas ligadas a atos de corrupção envolvendo o regime do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

No dia 2 de julho, em uma sessão marcada por tumultos e bate-bocas entre os deputados,  Moro sofreu marcação forte da oposição em audiência na Câmara para falar sobre as conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil. Em sua defesa, Moro voltou a questionar a autenticidade das mensagens e reiterou que o conteúdo publicado pode ter sido editado. "O que existe é um escândalo fake já afundando. Meu depoimento é igual ao do Senado porque reflete a verdade", disse Moro. “Não reconheço, mais uma vez, a autenticidade de um material que não tenho. O que se tem presente é que não tem nada ali de conteúdo ilícito”, completou Moro.

Em um vídeo divulgado no dia 10 de junho, Deltan diz que "a Lava Jato Curitiba sofreu um ataque gravíssimo por parte de um criminoso".

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