O presidente Jair Bolsonaro (PSL) voltou a criticar, nesta quinta-feira (25) os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mostram o aumento do desmatamento da Amazônia. Em visita a Manaus, o presidente disse que, para ele, as informações do órgão não correspondem à realidade e que o governo "não pode ter órgãos aparelhados com pessoas que têm fidelidade às ONGs (organizações não governamentais) internacionais".
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"Então, esses dados servem para quê? Para alguém lá na ponta da linha ficar feliz e nos prejudicar nas relações que temos com o mundo. Estamos avançando no Mercosul, com o Estados Unidos, com o Japão, com a Coreia do Sul", afirmou Bolsonaro. "Isso nos atrapalha."
Bolsonaro disse que cabe aos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, decidir se vão checar os dados do Inpe. "Estão na mão do Ricardo Salles e do astronauta Marcos Pontes. Não temos medo da verdade", disse durante solenidade em uma escola da Polícia Militar. "Agora, dados jogados para cima, para fazer onda, fazer 'oba-oba', aí não procede. Não podemos transmitir isso."
A divulgação de que o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 88% em comparação com o ano passado causou uma série de ataques entre o presidente e o diretor do Inpe, Ricardo Galvão, que disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que as acusações do governo são "conversa de botequim".
Desafio de sobrevoo na Amazônia
Ainda sobre o desmatamento na Amazônia, Bolsonaro voltou a dizer que, quando esteve em viagens internacionais, convidou a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, para sobrevoarem a floresta, de Boa Vista a Manaus.
"Se encontrar um quilômetro de floresta devastada, eu dou razão a eles. Agora, eu os convidei a me convidar também, a fazer a mesma coisa na Europa. Se achar um quilômetro de floresta, a mesma coisa", declarou. "Eu te perguntaria quantos palmos de mata ciliar são preservados na Europa? Dois palmos talvez? E aqui? O Brasil é o país que mais preserva. Tem país da Europa que não tem 1% das suas florestas preservadas. Nós queremos preservar o meio ambiente, mas não vamos entrar na psicose ambiental."
Conforme publicou o Estado no sábado, 20, a equipe do Mapbiomas - rede que envolve universidades, empresas de tecnologia e ONGs na análise de imagens de satélite e na produção de mapas sobre a cobertura e o uso da terra do Brasil - aceitou o desafio e fez um voo virtual sobre o trajeto.
O cruzamento de vários dados, como os do sistema Deter, do Inpe, do Censipam - monitoramento feito pelo Ministério da Defesa, mostrou que entre janeiro e junho deste ano houve um desmatamento de 213 km² na região. A análise foi feita por pesquisadores liderados pelo engenheiro florestal Tasso Azevedo
"Um sobrevoo de Boa Vista a Manaus com o Google Earth mostra todos os desmatamentos que ocorreram no governo Bolsonaro. E foi bem mais do que apenas 1 km²", disse Azevedo, que passou o levantamento ao jornal O Estado de S. Paulo.