Operação Cravada

Líder do PCC diz que PT tinha 'diálogo cabuloso' com a facção

A declaração foi dada em um telefonema entre integrantes do PCC, que foi interceptado pela Polícia Federal

JC Online
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Publicado em 09/08/2019 às 10:07
Foto: Antonio Cruz/ABr
A declaração foi dada em um telefonema entre integrantes do PCC, que foi interceptado pela Polícia Federal - FOTO: Foto: Antonio Cruz/ABr
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Interceptada pela Polícia Federal (PF), uma liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) afirmou que a facção mantinha um "diálogo cabuloso" com o Partido dos Trabalhadores (PT). Os telefonemas, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, datam de abril deste ano e foram captados pela Operação Cravada, deflagrada na quarta-feira (7), que mira o núcleo financeiro da organização. As informações são do jornalista Fausto Macedo, colunista do Estado.

Segundo a PF, este núcleo era responsável pelo recolhimento, gerenciamento e emprego de valores “para financiamento de crimes” em diferentes Estados do País.  O último balanço parcial da operação apontou que a PF fez 28 prisões - oito delas em presídios e duas em flagrante, durante a realização de buscas. De acordo com a PF, o grupo movimentava de R$ 800 mil a R$ 1 milhão por mês. 

Para dificultar o rastreamento do dinheiro, os pagamentos, chamados de "rifas", eram repassados à organização por meio de diversas contas bancárias e de maneira intercalada, de acordo com a Polícia Federal.

No relatório de interceptações telefônicas, a PF afirma que “também foram encontrados indicativos de vínculos do PCC com partidos políticos, o que nesse momento não está dentro dos objetivos da investigação e, semelhante a questão de corrupção de agentes públicos, temos a necessidade de encerrar a chamada fase sigilosa da investigação”

Entre os alvos da ‘Cravada’ está Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como ‘Elias’ ou ‘Veio’. Segundo as investigações da PF, ele tem “relevante função” e atua como ‘Resumo da Rifa’. Além disso, Elias possui poder de decisão e mando sobre os demais integrantes do PCC. 

No dia 22 de abril, ele foi grampeado em conversa com Willians Marcondes Ferraz, o ‘Rolex’, que também atua na mesma posição na hierarquia da organização. Outro interceptado é André Luiz de Oliveira, conhecido como ‘Salim’.

Em diálogo com Salim,  transcrito pela PF com os erros linguísticos dos suspeito, Elias fala da gestão do presidente Jair Bolsonaro. “A gente sabe que esse governo que veio irmão, esse governo aí ô, os cara começou o mandato agora, irmão, agora que eles começaram o mandato, os caras têm quatro ano aí pela frente, irmão”, falou.

“Os caras tão no começo do mandato dos cara, você acha que os cara já começou o mandato mexendo com nois irmão. Já mexendo diretamente com a cúpula, irmão. O… o… quem tá na linha de frente. Então, se os cara começou mexendo

com quem estava na linha de frente, os caras já entrou falando o quê?”, conversam Elias e Salim.

A partir daí, Elias passa a criticar o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. “Com nois  já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros, que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não. Esse Moro aí, esse cara é um filha da puta, mano. Esse cara aí é um filha da puta mesmo, mano. Ele veio pra atrasar”.

“Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque… situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano….”, diz Elias a Salim.

O que diz o PT

Em nota enviado ao Estado, o PT disse que esta interceptação “é mais uma armação como tantas outras forjadas” contra o partido. A legenda ainda acusa o ministro Sergio Moro de fazer “transações milionários com criminosos confessos”. Leia a nota:

“Esta é mais uma armação como tantas outras forjadas contra o PT, e vem no momento em que a Polícia Federal está subordinada a um ministro acuado pela revelação de suas condutas criminosas. Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sergio Moro, para montar uma farsa judicial contra o ex-presidente Lula com delações mentirosas e sem provas. É Moro que deve se explicar à Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele.

Assessoria de Imprensa do Partido dos Trabalhadores, 8 de agosto de 2019.”

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