O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou nesta segunda-feira, 2, que a pesquisa divulgada hoje pelo Datafolha e que mostra a queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro não atrapalha a relação do governo com o Congresso.
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"Uma coisa não tem nada a ver com a outra, o choque na avaliação é uma comparação que a gente tem que ter cuidado em fazer, porque são ciclos diferentes, agora é um ciclo muito polarizado, não dá para comparar com o início do governo Dilma aonde ela pegou todo o crédito do presidente Lula", afirmou, depois de participar de um debate em um restaurante na zona sul do Rio promovido pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig).
Ele disse que a queda de popularidade deve sim ser uma preocupação do governo, mas não dele, "porque eu não sou governo", frisou.
Maia disse ainda que a queda de popularidade de Bolsonaro era esperada, já que é natural perder o apoio de quem votou nele contra o PT. Além disso, ao participar dessa polarização pelas redes sociais, ele fica apenas de um dos lados do debate.
"Quando ele trabalha a polarização é natural que ele fique com um segmento da sociedade e não tenha o outro. Uma parte votou contra o PT, é normal que ele perca esse apoio agora", explicou
"Fica claro que na linha que o governo vem atuando fica com esse núcleo mais à direita contra o núcleo mais à esquerda, e vai ficar um eixo, um campo que vai precisar ser ocupado pela política", avaliou.
Segundo Maia, Bolsonaro está governando para os eleitores que o fizeram chegar no início do processo da campanha eleitoral a 20%, 25% dos votos. "Acredito que é para esse eixo que ele esteja priorizando pelos menos os primeiros meses do governo dele", declarou.
Se eleições fossem hoje...
Após oito meses de mandato, o presidente Jair Bolsonaro perdeu popularidade suficiente para, em um cenário hipotético, "ficar atrás" de Fernando Haddad (PT), se o segundo turno da eleição para presidente da República fosse hoje. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada nesta segunda-feira (2), Haddad venceria Bolsonaro por 42% a 36%. Outros 18% votariam branco ou nulo e 4% não souberam responder. A pesquisa ouviu 2.878 pessoas com mais de 16 anos em 175 municípios.
Bolsonaro foi eleito no segundo turno da disputa presidencial com 55,13% dos votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos), enquanto Haddad teve 44,87%. A mesma pesquisa do Datafolha aponta que a reprovação do presidente subiu de 33% para 38% em relação ao levantamento anterior do instituto, feito no início de julho.
Outro número que teve uma mudança drástica foi a aprovação de Bolsonaro. Dentro do limite da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou menos, ela caiu de 33% em julho para 29% agora. A avaliação do governo como regular ficou estável, passando de 31% para 30%.