O ex-procurador Geral da República, Rodrigo Janot, chegou com 20 minutos de atraso para o lançamento de seu livro "Nada Menos Que Tudo". Cercado por seguranças, desceu de uma caminhonete preta com vidros escuros, se recusou a responder perguntas dos jornalistas que aguardavam desde ante das 18 horas.
Leia Também
"Nada menos que tudo"
O livro de Janot promete revelações sobre grandes nomes da política brasileira. Mas poucas pessoas se dirigiram à livraria, que tinha mais jornalistas que clientes, apesar da expectativa de uma movimentação grande. Nenhuma autoridade compareceu para a prestigiar aquele que um dia ficou famoso por ter criado a "Lista do Janot", com mais de 100 políticos que, supostamente, receberam propinas de empreiteiras envolvidas na Lava Jato.
"Hoje só falo do livro", disse ao ser questionado na chegada sobre o porquê de ter afirmado ao Estadão, no último dia 26 de setembro, que esteve perto de matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes num dia que, depois se confirmou, ele nem estava em Brasília.
Em maio de 2017, quando chefiava Ministério Público Federal (MPF), Janot pediu o impedimento do ministro Gilmar Mendes na análise de um habeas corpus de Eike Batista sob o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório Sérgio Bermudes, que advogava para o empresário.
Ao se defender em ofício, Gilmar Mendes, à época presidente do STF, afirmou que a filha de Janot - Letícia Ladeira Monteiro de Barros - advogava para a empreiteira OAS em processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o ministro, a filha do ex-PGR poderia na época "ser credora por honorários advocatícios de pessoas jurídicas envolvidas na Lava Jato".
"Foi logo depois que eu apresentei a sessão (…) de suspeição dele no caso do Eike. Aí ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal… e aí eu saí do sério", afirmou o ex-procurador-geral em entrevista recente à reportagem do Estadão/Broadcast Político.
A revelação de Janot fez com que o ministro do STF Alexandre de Moraes determinasse, no dia 27 do mês passado, que ele não se aproximasse a menos de 200 metros de membros da Suprema Corte.
Ironicamente, nesta noite de segunda-feira, Janot e Gilmar Mendes devem ficar separados por um tempo por uma distância de cerca de 6,3 quilômetros. Enquanto o ex-PGR autografa seus livros, o ministro se prepara para dar entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.