O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta segunda-feira (15) que o presidente Jair Bolsonaro não vê justa causa para saída do PSL após a operação da Polícia Federal, deflagrada durante a manhã, que teve como alvo o presidente do partido, Luciano Bivar. "O presidente não entende como justa causa até porque isso seria antever um futuro e nenhum de nós é vidente em situações políticas", afirmou Rêgo Barros. Segundo ele, o presidente da República não tomou conhecimento prévio da operação. Na sexta-feira (11), Bolsonaro e mais 21 parlamentares do partido requereram ao diretório nacional que apresente informações sobre as contas da sigla.
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Operação Guinhol
Na operação desta terça-feira, batizada de Guinhol, foram cumpridos mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), em endereços residenciais e comerciais de Luciano Bivar, do partido, além de empresas gráficas, na região metropolitana do Recife. Segundo a PF, o objetivo foi buscar provas que possam ajudar na investigação de supostos crimes eleitorais praticados por integrantes do PSL. A suspeita é que os investigados teriam “ocultado/disfarçado/omitido movimentações de recursos financeiros oriundos do Fundo Partidário, especialmente os destinados às candidaturas de mulheres, após verificação preliminar de informações que foram fartamente difundidas pelos órgãos de imprensa nacional”.
O advogado de Bivar, Ademar Rigueira, divulgou nota em que afirma o inquérito que investiga as suspeitas de uso indevido dos recursos do Fundo Partidário já se estende há dez meses, sem que, segundo ele, as autoridades tenham encontrado indícios de fraude no processo eleitoral.
A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) defendeu nesta terça-feira que o presidente Jair Bolsonaro assuma o controle da executiva do partido. Segundo ela, essa essa seria uma pré-condição para que o grupo de parlamentares insatisfeitos com a direção permaneça na sigla. "Nós só ficamos se o Bolsonaro for presidente ou indicar o presidente", afirmou a parlamentar.
Em nota, a Comissão Executiva Nacional do PSL destaca que "a divergência intrapartidária é natural" na democracia. A legenda informa que sobre a "minuta da notificação que teria sido endereçada ao partido" para prestação de contas, recebeu apenas uma cópia não assinada do documento. O partido ressalta que "qualquer pessoa – filiada ou não – pode ter acesso completo a todas informações, extratos e comprovantes que constam das prestações de contas apresentadas pelo partido nos últimos anos, pois eles estão disponíveis para consulta pública no site do Tribunal Superior Eleitoral".
Sobre uma eventual saída de Bolsonaro do PSL, o porta-voz do governo reafirmou que o presidente analisa a sua situação no partido. "O presidente, neste momento, avalia todas as oportunidades, mas especialmente esta de deixar o partido, não me avançou nenhuma ideia".
O porta-voz afirmou que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, seguirá no cargo por enquanto. Na semana passada, o Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais denunciou 11 pessoas, entre elas o próprio ministro, por crimes envolvendo candidaturas-laranja do PSL no estado em 2018.
"O ministro do Turismo vem sendo investigado pela Polícia Federal e agora pelo próprio Ministério Público Federal, há algum tempo. O presidente acompanha este movimento, tem dado apoio ao ministro do Turismo e aguarda a solução do inquérito e agora, mais especialmente, da própria denúncia".
Questionado se o presidente Bolsonaro estaria tratando de forma diferente investigações semelhantes envolvendo o ministro do Turismo e Luciano Bivar, o porta-voz do governo disse os casos precisam ser analisados de forma distinta. "São casos que temos que nós temos analisar de forma distinta. O caso do mininstro do Turismo, o presidente vem acompanhando há tempo e aguarda as elaborações e as definições da Polícia Federal e do Ministério Público Federal e, no todo, da Justiça, em relação ao ministro. No caso específico dessa questão do presidente do PSL, por desconhecer detalhes, ele [Bolsonaro] não comenta", afirmou Rêgo Barros.