INVESTIGAÇÃO

Com citação a Bolsonaro, caso Marielle Franco pode ser levado ao STF

Um suspeito da morte de Marielle se reuniu com outro no condomínio de Bolsonaro antes do crime. Segundo o porteiro, ao entrar, ele alegou que ia para a casa do presidente, que estava em Brasília no dia

JC Online
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Publicado em 29/10/2019 às 22:01
Foto: Isac Nóbrega/PR
Um suspeito da morte de Marielle se reuniu com outro no condomínio de Bolsonaro antes do crime. Segundo o porteiro, ao entrar, ele alegou que ia para a casa do presidente, que estava em Brasília no dia - FOTO: Foto: Isac Nóbrega/PR
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Atualizada às 23h43

Uma menção ao nome do presidente Jair Bolsonaro pode levar o caso Marielle Franco ao Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o Jornal Nacional desta terça-feira (29), um dos suspeitos da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018, no Rio de Janeiro, se reuniu com outro no condomínio de Bolsonaro antes do crime. Segundo o porteiro, ao entrar, ele alegou que ia para a casa do presidente. Bolsonaro estava em Brasília no dia. Após exibição da reportagem, Bolsonaro fez uma série de críticas à Rede Globo.

Como houve citação ao nome do presidente da República, a lei determina que o STF analise a situação.

O porteiro informou à polícia que, horas antes da morte, no dia 14 de março de 2018, Élcio de Queiroz, acusado pela polícia de ser o motorista do carro usado no crime, entrou no Condomínio Vivendas da Barra e disse que seguiria para a casa do então deputado federal Jair Bolsonaro. Os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia.

A casa 58 consta como pertencente a Bolsonaro no registro geral de imóveis. O presidente também é dono da casa 36, onde vive o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos dele.

Segundo a apuração do JN, o porteiro contou que, após Élcio se identificar e dizer que iria para a casa 58, ele ligou para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar.

O porteiro disse também que identificou a voz de quem atendeu o interfone como sendo a do "seu Jair". Depois que Élcio entrou, o porteiro explicou que acompanhou a movimentação do carro pelas câmeras de segurança e viu que o veículo tinha ido para a casa 66, onde morava Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle e Anderson.

Bolsonaro estava em Brasília

Bolsonaro estava em Brasília no dia, como demonstram os registros de presença em duas votações no plenário da Câmara: um às 14h e outro às 20h30. Ele não poderia, portanto, estar no Rio de Janeiro. Os investigadores estão recuperando os arquivos de áudio do interfone para saber com quem o porteiro conversou no dia e quem estava na casa 58.

Ao JN, o advogado do presidente, Frederick Wassef, contestou o depoimento e afirmou que tratava-se uma tentativa de atacar a imagem do presidente.

Críticas a Witzel e Rede Globo

A revista Veja publicou que o agora adversário político de Jair Bolsonaro, Wilson Witzel, governador do Rio, soube com antecedência do depoimento e não escondia a euforia com os fatos. Em live nesta terça-feira (29) para comentar a reportagem, Bolsonaro acusou Witzel de vazar o assunto para a Rede Globo.

"Senhor Witzel, o senhor só se elegeu governador porque ficou o tempo todo colado ao meu filho Flávio. Ao chegar à presidência (sic), a primeira coisa que fez foi se tornar inimigo dele. Por que? Para concorrer à eleição presidencial em 2022, mas, para chegar lá, ao que tudo indica, tem que destruir a família Bolsonaro, destruindo o que temos de mais sagrado, que é a nossa conduta de combate à corrupção, de honestidade", disse o presidente.

O presidente também fez uma série de críticas à Rede Globo e classificou como "canalhice" a ação da emissora

'Vocês são canalhas, patifes. Não são patriotas', esbraveja Bolsonaro em resposta à reportagem da Globo

"Fazem a narrativa da reportagem que eu teria sido um dos mentores da morte da vereadora Marielle franco. A Globo diz que minha digital estava em Brasilia, não nega, mas sempre deixa a suspeita no outro lado da ponta", afirmou Bolsonaro.

O chefe da Nação também acusou a Globo de perseguir sua família. "Globo, vocês não prestam, vocês esculhambam minha família 24 horas por dia. É uma canalhice que vocês fazem".

"TV Globo, vocês não têm juízo. Parem de trair o Brasil. Acabou a mamata. Não tem dinheiro público para vocês. Acabou a teta. Eu aguento a porrada, mas fico revoltado quando pegam filhos meus, parentes meus, pessoas que estão ao meu lado. Isso é uma patifaria, TV Globo. Eu não deveria perder a linha, sou presidente, mas confesso que estou no limite com vocês. Se o Brasil der errado, todo mundo vai para o espaço".

Em meio aos protestos que ocorrem em países da América do Sul, Bolsonaro também insinuou que a Globo quer inflamar a população contra ele.

"Será que a Globo quer criar um fato, uma narrativa de que o povo deveria ir às rua para eu me afastar?", questionou.

Sobre a renovação da concessão da emissora, o mandatário disse que não haverá perseguição. "Por que TV Globo e revista Época, essa patifaria? É uma coisa que não dá para definir. Deixe eu governar o Brasil. Vocês perderam. Vocês vão renovar a concessão em 2022, não  vou persegui-los, mas se o processo não estiver limpo, não haverá processo de renovação", afirmou.

O presidente também afirmou que resistirá. "Nós vamos resistir. A verdade está do meu lado. Eu quero servir a minha pátria como presidente da República".

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