Budismo

No Recife, Monja Coen prega meditação contra extremismos da sociedade

Monja Coen falou no Recife sobre meditação como saída para a polarização

Leonardo Spinelli
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Leonardo Spinelli
Publicado em 22/11/2019 às 23:30
Alexandre Gondim /  JC Imagem
A live começa às 20h e contará com a interação dos espectadores mandando perguntas e mensagens - FOTO: Alexandre Gondim / JC Imagem
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Antes de falar ao seu público no Teatro RioMar nesta sexta-feira (22), a Monja Coen passeou pelo Recife e conheceu alguns pontos turísticos da cidade, como a Casa da Cultura e o Marco Zero. “Que lindo aquele centro”, disse ao JC antes de subir ao palco. Ela conta que, pelo caminho, foi parada por seus fãs para tirar fotos e ouvir depoimentos. “As pessoas me dizem, ‘a senhora mudou a minha vida, saí da depressão’, mas não fui eu, são os ensinamentos que as pessoas estão preparadas para ouvir e colocar em prática, pois só ouvir não adianta nada.”

Escute a entrevista da Monja Coen clicando neste link

Sucesso editorial com sete livros lançados e dona de uma legião de milhões de fãs em seu canal Mova no You Tube, Monja Coen trouxe a mensagem do silêncio e da meditação como a solução para os problemas, inclusive políticos, da sociedade brasileira cada vez mais polarizada. Mas antes, insta a monja, é necessário o respeito pelo outro. “Podemos ser de partidos diferentes, ter propostas administrativas e econômicas diferentes, mas vamos nos respeitar. E veja que não é só no Brasil, é no mundo. Existe hoje duas tendências brigando entre si, quando, na verdade, se colocarmos a nossa energia para o bem de todos, vamos transformar o mundo num lugar melhor. É como numa família, numa casa.”

Apesar de situação de esgarçamento da sociedade parecer não ter um fim aparente, Monja Coen se diz otimista e vê a solução. “Tem saída sim, se eu não vejo uma saída agora, é porque não cheguei nem na metade do túnel. E quando chegar na metade do túnel eu vou ver a luzinha lá. Essa luzinha é o despertar da consciência humana. Eu acredito nisso, por isso faço palestras, vou a escolas, universidades, teatro, onde me chamam. Acho que é importante as pessoas saberem que, na hora em que você abre a sua porta de compreensão da realidade, você não vai querer bater em ninguém, matar ninguém, não terá pelo quê lutar, mas sim construir, e nós devemos construir a cultura de paz e não da violência”, disse.

Ela diz que não precisa ser budista para meditar. Tanto é verdade que na sua plateia, no Teatro RioMar, muita gente se dizia católico. Fábio Marinho, médico. “Descobri a monja há dois anos no Youtube e comecei a ler sues livros. Ela traz paz principalmente na nossa profissão que é estressante. Já coloquei em prática seus ensinamentos de meditação. eu tenho simpatia pelo budismo, mas nasci no catolicismo”, disse o médico Fábio Marinho.

HARARI

A própria Monja Coen lembra que a técnica budista de meditação foi apropriada pela cultura ocidental através do mindfulness, o estado de plena atenção. “Não tem nada a ver com religião. Se teve origem nas tradições orientais do budismo ela foi apropriada pelo ocidente e principalmente pela psicologia e psicanálise como um meio de libertação de traumas humanos.”
Sobre o momento de extremismos, Monja Coen cita a análise do autor israelense Yuval Harari, que esteve no Brasil há poucos dias. No seu livro 21 Lições para o século 21, Harari faz uma análise que os horrores das matanças do comunismo e da extrema direita com genocídio nazista, trouxe a percepção na sociedade de que, de todos os sistemas políticos, o menos pior é a democracia liberal.

“Mas nós começamos a desacreditar na democracia liberal no mundo todo. Ficamos liberais demais, aceitamos tudo, ficamos tão politicamente corretos que até aquilo que é absurdo nós acolhemos. E isso gerou descrença na democracia liberal. E no final, ele diz que descobriu a meditação! O cara é judeu e descobriu que, através a meditação há o caminho de salvação da humanidade, não a salvação espiritual, mas a salvação política, econômica e social. Porque, quando você conhece a si mesmo vê que não vivemos sem os outros.”

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