Repercussão

Centro-esquerda reage no Twitter à denúncia do MFP contra Glenn Greenwald

Jornalista está sendo acusado de invadir celulares de autoridades brasileiras

Da editoria de Política
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Publicado em 21/01/2020 às 15:25
Foto: Evaristo Sá/AFP
Jornalista está sendo acusado de invadir celulares de autoridades brasileiras - FOTO: Foto: Evaristo Sá/AFP
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Após a divulgação da informação de que o Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald - vencedor do Prêmio Pulitzer e um dos fundadores do site The Intercept -, acusando-o de invadir celulares de autoridades brasileiras, uma verdadeira avalanche de reações de políticos da centro esquerda invadiu o Twitter nesta terça-feira (21). A denúncia ocorre apesar de o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibir investigações sobre o jornalista, pois isso poderia ferir a liberdade de imprensa.

Em uma série de mensagens publicadas no microblog, o ex-governador Ciro Gomes (PDT) classificou a denúncia como "sem pé nem cabeça" e disse que só o "bolsonarismo boçal" do procurador da República Wellington Divino de Oliveira, responsável por assinar a acusação contra Greenwald, pode justificar a ação.

Vários nomes do PT também repudiaram o movimento do MPF, entre eles as deputadas federais Gleisi Hoffmann e Marília Arraes.

Presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros afirmou que a denúncia contra o jornalista do The Intercept é "um atentado à liberdade de expressão e ao direito ao sigilo da fonte". O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), por sua vez, disse que a acusação "trata-se de um ataque à democracia e ao Estado de Direito".

RESPOSTA

À coluna da jornalista Mônica Bérgamo, da Folha de S. Paulo, Glenn Greenwald afirmou, através de nota, que não se deixará intimidar pela denúncia do MPF. "Estou trabalhando agora com novos relatórios e continuarei a fazer meu trabalho jornalístico", cravou.

Leia abaixo a nota na íntegra:

"O governo Bolsonaro e o movimento que o apoia deixaram repetidamente claro que não acreditam em liberdades de imprensa —as ameaças de Bolsonaro à Folha, os ataques aos jornalistas incitando violência, as insinuações de Sergio Moro desde o início da nossas reportagens para nos classificar como 'aliados dos hackers' por revelar sua corrupção em vez de 'jornalistas'.

Há menos de dois meses, a Polícia Federal, examinando todas as mesmas evidências citadas pelo Ministério Público, declarou explicitamente que não apenas nunca cometi nenhum crime, mas também exerci extrema cautela como jornalista, nem cheguei de qualquer participação. Até a Polícia Federal, sob o comando do ministro Moro, disse o que está claro para qualquer pessoa: eu não fiz nada além do meu trabalho como jornalista —eticamente e dentro da lei.

Essa denúncia —levada pelo mesmo procurador que tentou (mas fracassou) processar criminalmente Felipe Santa Cruz por criticar ministro Moro— é uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro. É também um ataque direito ao STF, que determinou que temos o direito de ter nossa liberdade de imprensa protegida em resposta a outros ataques do ministro Moro, e até mesmo às conclusões da Polícia Federal.

Não seremos intimidados por essas tentativas tirânicas de silenciar jornalistas. Estou trabalhando agora com novos relatórios e continuarei a fazer meu trabalho jornalístico. Muitos brasileiros corajosos sacrificaram sua liberdade e até a sua vida pela democracia brasileira, e sinto a obrigação de continuar esse nobre trabalho."

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