Às vezes é preciso demarcar o território para mostrar quem manda. Parece algo particular ao universo canino, mas o comportamento humano, às vezes, tem um pouco de matilha também. É inegável que a violência foi reduzida no Brasil, é inegável que governos estaduais e a gestão federal têm participação. Mas Sergio Moro soube capitalizar isso melhor do que os colegas que trabalham na segurança pública em seus estados. O motivo é óbvio: Quando Moro não era ministro, a violência galopava e facções criminosas chegaram a colocar alguns desses mesmos governos estaduais de joelhos.
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Foi no governo Temer que a reação começou, é preciso reconhecer o trabalho de Raul Jungmann quando ocupava o cargo. Os estados que souberam trabalhar em conjunto naquele momento conseguiram reduções importantes nos índices de criminalidade. Mas o clima de relativa tranquilidade que se vê agora só ganhou espaço quando Moro, já ministro, pegou as facções de surpresa e transferiu os chefes desses grupos dos presídios em que eles estavam e de onde ainda comandavam atos de terror nas ruas para amedrontar a população e pressionar os mesmos secretários que, agora mais tranquilos, reivindicam méritos.
É bom repetir para ficar bem claro: os secretários são essenciais nesse resultado. Sem o empenho deles, a redução da violência não seria possível. Mas, se dependesse só deles, o resultado não teria chegado, como não chegou até 2017. Jungmann e Moro devem sim receber o mérito por terem, um depois do outro, assumido a responsabilidade e o risco de enfrentar essas questões.
A ideia de dividir o ministério da Justiça, sabe-se que tinha como objetivo o enfraquecimento político de Sergio Moro, orquestrado por um ou dois interessados em integrar o ministério. Quando outros secretários entraram na onda da proposta, colocaram em risco os resultados alcançados até agora e do qual eles mesmos se beneficiam. Faltou atenção.
Lista de criminosos
A atitude recente de Moro, divulgando lista e foto de criminosos mais procurados do Brasil, chama atenção porque é um ponto de partida interessante para um reforço desse trabalho. É lógico que vai ajudar no marketing do próprio ministro. É interesse de todos prender os bandidos, mas fazer uma lista, na medida em que ela for sendo reduzida, vai reforçar a imagem de ministro atuante que Moro já tem.
É um jogada esperta, é quase como "fazer xixi no poste" da segurança para demarcar o território. E é bom que essa disputa aconteça. Se homicídios, estupros e assaltos forem reduzidos nessa competição, importa quem estará ao microfone para anunciar?