Quando ele fala, o público parece hipnotizado. Com suas mãos grandes e dedos longos aponta com o indicador demarcado os trechos que lhe favorecem no discurso. Não esconde seu apreço pelo microfone que usa apenas como mais um adereço dos palanques onde expõe suas ações e teses. Puxa para perto do corpo, ajusta a altura e põe-se a falar. O governador Eduardo Campos (PSB), nem por um minuto lembra o Rei George VI, da Inglaterra, que ficou imortalizado por sua dificuldade em se expressar, com palavras e gestos. Seu poder de sedução colocado à prova diariamente exerce tanto fascínio que seus auxiliares mais próximos passaram a agir à sua imagem e semelhança.
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A entonação da voz, os gestos com as mãos fechadas e o dedo mindinho içado; ou a clássica mão fechada com os dedos polegares se entrelaçando enquanto aguarda sua vez de falar, demonstrando que a ansiedade também faz parte de seus dias, são alguns trejeitos típicos do líder socialista. Muitos de seus secretários querem ser como ele.
Titular da pasta das Cidades, Danilo Cabral (PSB) é um dos que se espelha no chefe na hora de falar. Demarca bem a voz, gesticula à vontade e aumenta o tom de voz quando quer prender a atenção do público. A mesma linha segue o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar (PSB), e até o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), que deixou a equipe do governo estadual no ano passado e levou a forma de agir do chefe para o Executivo municipal. Nos discursos lançados à plateia não podem faltar as palavras queridinhas do governador. Eles abusam das expressões “time”, “importante”, “bonito”, “decisão política”, “felicidade”, esta com direito à customização idêntica à do socialista, em que o ‘E’ ganha som de ‘I’. “Filicidade”.
Boa parte do estafe governista foi submetido a um media training realizado pela equipe da própria secretaria de Imprensa do Palácio do Campo das Princesas ou por profissionais do meio jornalístico e teatral, escolhidos a dedo. Na esfera estadual, as jornalistas Mônica Silveira e Vera Ferraz foram algumas que já treinaram os secretários e técnicos estaduais.
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