Dia Internacional da Mulher

Na Alepe, deputadas falam em oportunidade do empoderamento das causas das mulheres

Parlamento estadual conta com cinco mulheres, sendo três delas com experiência na atividade política e duas novatas

Ayrton Maciel
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Ayrton Maciel
Publicado em 08/03/2015 às 10:34
Alepe/Divulgação
Parlamento estadual conta com cinco mulheres, sendo três delas com experiência na atividade política e duas novatas - FOTO: Alepe/Divulgação
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A política como instrumento de mudanças e as mulheres como agentes das transformações. Este é um pensamento que une cinco mulheres, cinco deputadas que, independentemente das convicções ideológicas ou do desapego a doutrinas políticas, acreditam na atividade política como ação transformadora da sociedade e capaz de reuní-las em torno de causas comuns. Cinco parlamentares – três com experiência política e duas noviças no Parlamento, mas esposas de ex-deputados –, desde 1º de fevereiro exercem mandato na Assembleia Estadual com o compromisso de torná-lo uma oportunidade de “empoderamento”, a ação coletiva em ambiente privilegiado de decisão para a conquista de mais espaço de poder e busca de mais igualdade com o homem. 


Deputadas que afirmam que a luta da mulher na política não é só de gênero, não gira em volta de si. Asseguram ter compromisso com o desenvolvimento econômico e social do Estado, comprometimento que apontam estar registrado nas propostas de campanha. O “olhar” privilegiado ao feminino, porém, é óbvio em iguais bandeiras de luta: defesa do direito à saúde, educação, formação profissional e creche para os filhos, mais o combate ao trabalho precário, à discriminação de gênero e à violência sexista. Aos 180 anos de existência – a completar no dia 1º de abril –, a Assembleia de Pernambuco, instalada em 1825, entretanto, é ainda um espelho da lenta ascensão da mulher na sociedade. 

Em meio a 55 eleitos em 1947, a primeira eleição pós-ditadura do Estado Novo, a primeira mulher pernambucana a ocupar uma vaga na Alepe foi a comunista Adalgisa Cavalcanti (PCB). A maior bancada, com nove mulheres, em toda sua história, foi eleita em 2002, para a 15ª legislatura (2003-2006). Na 16ª (2007-2010), oito mulheres (segunda maior bancada da história) integravam o universo de 49 parlamentares. A 17ª (2011-2014) chegou a ter seis (duas suplentes). A atual bancada é menor, no entanto, revela-se a mais forte em conhecimento técnico, ponto que pode ser favorável à luta feminista: Teresa Leitão (PT) é pedagoga; Socorro Pimentel (PSL) e Simone Santana (PSB) são pediatras; Raquel Lyra é procuradora; e Priscila Krause é jornalista.

No quarto mandato consecutivo, a petista Teresa Leitão – primeira mulher, na Alepe, reeleita pela terceira vez - inclui, no programa do mandato, desde a luta por uma creche pública em cada município à defesa da reforma política, que entende ser o mecanismo capaz de abrir mais espaço para a mulher no poder. “A política não deixa de ser um meio de mudanças. Através da política podemos levar a igualdade a homens e mulheres, o que é um aperfeiçoamento da democracia. A diferença ainda é grande. A regra eleitoral determina 30% das vagas para mulheres, o que não ocorre nas eleições. A luta por ascensão política unifica, em vários pontos, as propostas das mulheres, independentemente a questão ideológica”, destaca.

Uma luta que passa pela busca de mudanças em realidades duras, como as adolescentes do campo, no Agreste, que trocam a agricultura pelo trabalho precarizado em fábricas de confecções e o casamento nas cidades. Uma bandeira de luta da socialista Raquel Lyra. “Houve uma mudança muito grande na geografia sócio-econômica da região. Na área rural, 90% não têm ensino médio, a migração é grande para as confecções, enfrentam a precarização do trabalho, vem a gravidez e a evasão escolar. Encontrei uma avó com 35 anos, que teve uma filha com 12 anos e a filha engravidou com a mesma idade. Na política, ainda não disputamos em condições de igualdade com os homens. Só a reforma política resolverá. Na sociedade, não há políticas públicas de apoio às mulheres em suas múltiplas responsabilidades”, acusa Raquel.

Com a experiência de dois mandatos na Câmara do Recife, Priscila Krause (DEM) chegou à Assembleia sob a expectativa de uma mulher-política com conteúdo político, coerente e atuante. De posição independente na Alepe, embora o DEM integra a base do governo estadual, Priscila deixa claro no plano de metas o compromisso do mandato: “lutar contra a discriminação sexual, religiosa e racial e pelo esforço do Estado no combate à violência contra a mulher”. A deputada chega, também, com a preocupação de desmistificar a ideia que se tem da mulher-política. “Há um estereótipo da mulher, no Parlamento, que acaba cobrando dela o foco do mandato em questões de gênero. Temos de estar inseridas em todas as discussões”, provoca.

Noviças em mandatos parlamentares, as médicas Simone Santana – esposa do ex-deputado Carlos Santana (PSDB), atual prefeito de Ipojuca – e Socorro Pimentel – casada com o ex-deputado Raimundo Pimentel –, representando o Sertão do Araripe, têm seus programas de mandato divididos entre a defesa da mulher e o cuidado em ser deputadas do Estado e dos pernambucanos. Não se limitam à questão de gênero. Presidente da Comissão de Defesa dos Mulher da Alepe, Simone propõe a ampliação da “escolaridade materna”, creches para mães em situação de “vulnerabilidade social” e políticas públicas de lazer para as famílias. Socorro, que integra as Comissões de Saúde e Defesa da Mulher, quer o fortalecimento da “agricultura familiar”, a atenção à “preservação” do meio ambiente e a ação do governo para assegurar o “abastecimento hídrico” no Estado. Cinco mulheres que querem ser agentes dessas transformações.

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