Dia Internacional da Mulher

Única conselheira do TCE, Teresa Duere abriu caminhos

Além ter sido a primeira conselheira da corte, ela também a primeira mulher a presidir o órgão e a primeira mulher a liderar uma bancada na Alepe

Carolina Albuquerque
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Carolina Albuquerque
Publicado em 08/03/2015 às 11:01
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Além ter sido a primeira conselheira da corte, ela também a primeira mulher a presidir o órgão e a primeira mulher a liderar uma bancada na Alepe - FOTO: JC Imagem
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Não muito raro, ela ainda é a única mulher numa grande mesa de autoridades. Com mais de quatro décadas de militância na vida pública, a conselheira do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Teresa Duere, já abriu muitos caminhos o que não a faz deixar de lado a luta. Foi a primeira líder de bancada, a primeira conselheira numa corte de contas acostumada a ter sete membros homens e, nove anos depois, a primeira presidente deste mesmo órgão. “Digo sempre, para a mulher, não basta apenas ser boa e competente, é preciso demonstrar e provar que o é. Isso é exigido dela”, reflete. 

“Não tenho a intenção deliberada de quebrar tabus ou subverter paradigmas. Se isso ocorre em algumas situações, é consequência da ousadia de inovar e da capacidade de renovar-me. São características pessoais permanentes”, discursou Teresa, na cerimônia em que foi empossada presidente do colegiado do TCE, em 2012. Esse espírito pautou, a todo tempo, seu trabalho seja na construção das políticas públicas ou do debate político. Em 1997, ela sugeriu, por exemplo, à Assembléia Legislativa a retomada do sistema de mutirão habitacional para mulher chefe de família, por meio do Projeto Mulher Constrói. Sabia, o ato de empoderá-las invertia uma lógica cultural, na qual o homem sempre ocupou o posto de chefia de uma família. 

“Veja, somos sete conselheiros, eu sou a única mulher. Levo comigo a minha diferença. E eles todos reconhecem que tenho um olhar distinto em relação a muitas coisas e brigo por esse olhar. Assim como eles tem os seus. Casa gênero tem suas especificidades biológicas e suas bagagens culturais e sociais, que são distintas”, avalia.  

Ela entende que existe um processo contínuo de avanço da participação da mulher na vida pública, seja nos bastidores, seja na linha de frente. “Não é algo que mude do dia para a noite”, insiste. Levanta algumas teses para chegar ao porquê de a representação feminina no congresso ou em cargos executivos estar muito aquém. “Em muitos lugares existe essa conivência entre os homens dentro do poder. Eles facilitam mais o poder para os próprios homens, existe essa confraria, mas não o preconceito”, diz. 

Outro ponto, fala, é que culturalmente a política sempre foi feita por homens. “Os que hoje são deputados, foram prefeitos. Tiveram uma base, muitas vezes municipal e familiar. Então, a mulher não tinha como fazer carreira porque não tinha essa base. Hoje, já vemos várias, claro, ainda minoria, que viraram prefeitas, vereadoras, deputadas estaduais”, opina. Uma terceira questão, complementa, tem a ver com a construção da própria cidadania. “Vivemos um período, na ditadura e nos anos de redemocratização, em que houve um vazio de debate para construção da cidadania, de alienação. Claramente isso beneficiava os próprios homens. A formação da cidadania é que lhe dá a perspectiva de gênero, noção do espaço social”, reflete.

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