Atualizada às 18h21
O descontentemento com a situação atual da economia brasileira e os escândalos envolvendo a principal empresa do País provocaram sentimentos divergentes em um protesto que reuniu milhares de pessoas nas ruas do centro do Recife na manhã desta sexta-feira (13). De acordo com a organização do evento, cerca de 3 mil pessoas, entre integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), políticos e lideranças sindicais, saíram em caminhada com faixas, cartazes e carros de som criticando o pacote de ajustes econômicos anunciado pelo Governo e a favor da Petrobras. O grupo se concentrou na Rua do Hospício, ao lado do Parque 13 de Maio, e seguiu em caminhada até a Praça da Independência, passando pela Avenida Conde da Boa Vista, Ponte Duarte Coelho e Avenida dos Guararapes.
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Representantes de várias vertentes sindicais estiveram presentes no protesto, que também contou com a participação de alguns políticos do Partido dos Trabalhadores (PT). A presidente do partido em Pernambuco, Teresa Leitão, e o vereador Jurandir Liberal, líder da oposição na Câmara, chegaram ao local ainda durante a concentração. O ato uniu até os ex-prefeitos do Recife João Paulo e João da Costa, cujas relações foram afetadas por divergências políticas. Ao fim da concentração, até uma ciranda surgiu entre os manifestantes, unindo a seriedade das pautas à ludicidade.
Os manifestantes defenderam a legitimidade da presidente, mas criticaram a retirada dos direitos trabalhistas e o pacote de ajustes econômicos anunciado para conter a atual crise que atinge o mercado financeiro no País. João Paulo levantou a pauta que também é criticada pela CUT e pelos sindicalistas, em relação às medidas provisórias 664 e 665, que mexe nos direitos trabalhistas.
O grupo afirma que não participará dos atos contra a presidente marcados para o próximo domingo (15). O motivo é evitar qualquer confronto entre as partes divergentes. O ex-prefeito João Paulo também condenou o protesto do domingo, alegando que esses setores da oposição têm a intenção de desestabilizar o governo, acelerando um processo de golpe. "Devemos defender as conquistas dos últimos 12 anos. Acho que a presidenta Dilma deve dialogar em relação a algumas medidas. Por isso, a pressão dos trabalhadores é positiva", afirma o ex-prefeito.
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Uma das principais bandeiras levantadas foi a defesa da Petrobras, envolvida em um escândalo de corrupção evidenciado através da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. No protesto, faixas de apoio à empresa e até barris de petróleo improvisados surgiram entre o vermelho predominante. Os sindicalistas pediram a punição dos envolvidos no esquema de desvio de verba, mas rejeitaram qualquer iniciativa de entrega da estatal ao poder privado.
Outra categoria que se juntou à manifestação foi o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe). Segundo o presidente sindical, Fernando Melo, os trabalhadores entrar em estado de greve no Estado, decisão acatada em assembleia realizada nesta sexta, que contou com a presença de 1,5 mil professores. Os professores cobram o reajuste de 12,01% para os profissionais de nível superior. A categoria seguiu ainda em direção ao Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo, para entregar um documento com a reivindicação.
O protesto dos trabalhadores não agradou a todos. O funcionário público Cláudio Alves, de 25 anos, criticou a presidente e os manifestantes e garantiu que estará presente no ato marcado para o domingo contra Dilma Rousseff. "É tudo ladrão! Como a presidente monta o escalão dela e diz que não sabe do roubo? Tem que entrar o exército pra colocar os ladrões pra fora do governo", gritava a plenos pulmões.